Lições do Berço da Civilização
Hoje, quando eu reflito sobre o estado do mundo, minha aventura no Monte Rainier muitas vezes me vem à mente. De muitas maneiras, ela pode ser vista como um forte paralelo com a nossa situação atual.
Quando olhamos para o estado atual da humanidade, este pode parecer muito amargo, com um prognóstico duvidoso de sucesso. Mas assim como meu amigo e eu fomos capazes de nos unir e sair do bosque triunfantes, podemos ser positivos sobre o futuro da humanidade. Para garantirmos o nosso sucesso, tudo o que precisamos é apenas nos unir e colaborar.
De fato, união e colaboração sempre foram os meios da Natureza e da Humanidade para o sucesso. Quando usamos esses meios, temos sucesso, e quando os evitamos, falhamos.
Milhares de anos atrás, entre os rios Eufrates e Tigre, em uma vasta extensão de terras férteis chamada “Mesopotâmia”, vivia uma sociedade próspera numa cidade-estado chamada “Babel.” A cidade era cheia de vida e atividade. Foi o centro comercial do que hoje chamamos “o berço da civilização.”
Harmoniosa em sua origem, Babel era uma mistura repleta de uma variedade de crenças religiosas e ensinamentos. Profecias, leitura de cartas, leitura de rosto e das mãos, adoração de ídolos e muitas outras praticas esotéricas eram todas comuns e aceitas em Babel.
Entre as mais proeminentes e respeitadas pessoas em Babel, havia um homem chamado Abraão. Esse homem era um sacerdote e adorador de ídolos, filho de um adorador de ídolos, mas ele também era muito receptivo e gentil com os demais.
Abraão notou que as pessoas que ele tanto amava estavam se distanciando. Onde havia camaradagem entre os habitantes de Babel, sem motivo aparente, este sentimento foi sumindo gradualmente. Abraão sentiu que uma força oculta estava presente, a qual separava as pessoas. Mas não conseguia entender de onde vinha tal força e porque não havia surgido antes.
Em sua busca, Abraão começou a duvidar de suas convicções e seu modo de vida. Ele começou a imaginar como o mundo era construído, como e porque as coisas aconteciam, e o que era exigido dele para que pudesse ajudar seus camaradas.
SABEDORIA NA TENDA
Abraão, o investigador, o sacerdote pensante, ficou surpreso ao descobrir que o mundo era baseado em desejos – dois desejos, para ser preciso: doar e receber. Ele descobriu que para a criação do mundo, esses desejos formam um sistema de regras tão profundo e compreensivo que hoje podemos considerá-lo uma ciência. Naquele tempo o termo “ciência” não existia, mas Abraão não necessitava de uma definição. Pelo contrário, ele procurou explorar estas novas regras e aprender como poderia ajudar as pessoas que ele amava.
Abraão concluiu que esses desejos formam uma trama que constitui todo o nosso ser. Eles determinam não só o nosso comportamento, mas o conjunto da realidade – tudo aquilo que pensamos, vemos, sentimos, provamos, ou tocamos. E o sistema de regras que ele descobriu criou um mecanismo que mantém o equilíbrio entre elas, de maneira que uma não excede as outras.
Esses desejos são dinâmicos e evolutivos e Abraão percebeu que as pessoas se distanciavam porque o desejo de receber dentro delas havia se tornado mais forte do que o desejo de doar; e se transformou em um desejo para satisfação pessoal ou egoísmo.
Abraão entendeu que a única maneira de inverter essa tendência, era a união das pessoas, apesar do crescente egoísmo. Ele sabia que um novo nível de união e camaradagem aguardava seu povo além da crescente suspeita que tinham uns dos outros. No entanto, para atingir esse nível, eles teriam que se unir. Abraão sabia que havia encontrado a resposta para a infelicidade de seus companheiros da Babilônia e desejou que seus amigos a encontrassem também.
Mas para que eles descobrissem o que ele tinha descoberto, e para que recuperassem seu antigo senso de companheirismo e amizade, Abraão necessitava da cooperação de seu povo. Ele sabia que não seria capaz de ajudá-los a não ser que eles quisessem realmente a sua ajuda. Embora as pessoas soubessem de sua infelicidade, ignoravam o porque. A tarefa de Abraão, portanto, era revelar a eles o porque do seu sofrimento.
Ansioso para começar, ele montou uma tenda e convidou todos para que o visitassem, comessem e bebessem, e ouvissem sobre as regras que ele havia descoberto.
Abraão era um homem famoso, um sacerdote, e muitos vinham para ouvi-lo. Mas poucos estavam convencidos, e os outros simplesmente continuaram com sua vida, procurando resolver seus problemas da maneira que lhes era familiar.
Mas a descoberta revolucionária de Abraão não passou despercebida pelas autoridades, e logo ele foi confrontado por não menos que Nimrod, o governador de Babel.
Num famoso debate entre Abraão e Nimrod, que estava bem atualizado nos ensinamentos de seu tempo, Nimrod foi amargamente derrotado. Mortificado, ele procurou se vingar e tentou queimar Abraão num poste. Porem Abraão fugiu junto com sua família e saiu de Babel.
Agora levando uma vida de nômade, Abraão montava sua tenda onde quer que ele fosse e convidava os moradores locais e os transeuntes de passagem para ouvir sobre as regras que ele tinha descoberto. Em suas viagens, ele passou por Harã, Canaã, Egito, e finalmente voltou para Canaã.
Para ajudar a transmitir o que ele tinha descoberto, Abraão escreveu o livro que hoje conhecemos como O Livro da Criação, onde ele introduziu a essência de suas revelações. O novo objetivo da vida de Abraão era explicar e expor suas descobertas para quem quisesse ouvi-las. Seus filhos, junto com outros que aprenderam com ele, criaram uma dinastia de estudiosos que foram desenvolvendo e implementando seu método desde então.
O Livro da Criação, combinado com a dedicação de seus alunos, asseguraram que as descobertas de Abraão passariam de geração em geração, e em última analise estariam disponíveis para implementação pela geração que verdadeiramente precisasse delas: a nossa geração!