uiui2No início, não havia nada. Nem tempo, nem espaço. Nem deserto, nem oceano.
Nem águia, nem floresta, nem montanha. A escuridão era vazia, silenciosa e parada.


Então uma palavra navegou através do silêncio. A palavra era ‘Pai’. Um ser surgiu da palavra ‘Pai’ e se tornou o Pai  “Nai-mu-ena”.


Nai-mu-ena estava sozinho no meio da escuridão e do vazio. Ele não via nada, não ouvia nada, não tocava nada. Ele continuou a ser Nai-mu-ena, sozinho nomeio do vazio por milhares de anos.


Nai-mu-ena respirava, pensava palavras, dormia. Certa vez, uma sombra cintilante de algo serpenteou através da escuridão de seu sonho, como um outro sonho repentino dentro do sonho que ele estava tendo. Ele tentou pegar esta sombra com sua mente e se agarrou a ela.


Ele manteve a sombra cintilante guardada com ele em sua mente, pensando e pensando nisto, e assim ela ficou lá. Ele não estava mais sozinho. Parecia que ele tivesse feito algo mais para estar com ele. Ele respirou e pensou, e se agarrou àquele brilho sombrio de seu sonho.


Mas a sombra cintilante que havia sido jorrada do escuro de seus sonhos não podia ser presa ou fixada a nada. Ele não podia pressioná-la com uma pedra, ou escorá-la com um pedaço de pau, porque nada existia ainda. Ele não tinha uma caixa ou uma caverna para guardá-la. Ele tinha medo que a sombra pudesse se desvanecer, de volta ao nada.


Então ele sacou de seu pensamento, como uma linha de algodão cru, o fio de uma idéia.


Ele tirou a palavra ‘Terra’ de seu pensamento, e a pressionou na sombra cintilante. Então ele pisou nela, e sapateou e sapateou nela, como um ferreiro batendo no metal. Gradualmente ela tomou forma sob ele, e se espalhou, se espalhou, até que ele pôde se sentar e descansar em cima de sua Terra sonhada.


Formada pelo sapateado de Nai-mu-ena, a sombra brilhante que ele sonhara se tornou o primeiro solo, o chão da Terra. Ele havia sonhado isto para a realidade.


Depois ele fez uma coberta para o solo, levantando um telhado de céu bem lá no alto. Ele cuspiu no espaço entre o chão e o céu, fazendo as nuvens, as chuvas, e florestas.


A Terra havia começado.


Então ele criou um outro ser, “Rafu-ema”, para ser o dono de todas as estórias. Rafu-ema se sentou em um espaço debaixo do céu e confeccionou esta estória em sua mente, para que assim nós pudéssemos escutá-la aqui na terra.

.

Esta estória foi extraída de  Central & South American Stories
Recontada por  Robert Hull, publicada por   Wayland, UK, 1994
Traduzida para o Português por Sérgio Pereira Alves

filipeta

imageT8G

Clicke na sacerdotisa para ter mais informações

2944701119_1_11