Mãos impressas em fogo em missais e livros de oração.

imageAG9Através da devoção e da piedade pelas almas do purgatório (umbral), ocorreram os fenômenos que ficaram conhecidos como “mãos de fogo”.
 
Convidadas, através dos fiéis, a se manifestarem, as almas provocaram o surgimento de pequenas mãos impressas como que a fogo em tecidos e papéis, lenços e livros.
 
Alguns intérpretes dizem que este fogo, apesar de purificador, não é da mesma natureza daquele que conhecemos aqui na Terra.
 
    Em meados de 1893, o padre  missionário Vittore Jouet,  devoto das almas do purgatório, erigiu em Roma um pequeno oratório onde seriam celebradas missas e preces em sufrágio desses espíritos em sofrimento. Quatro anos mais tarde iria acontecer ali o primeiro fenômeno que, na interpretação do padre e dos fiéis, comprovou a existência daquelas almas e a certeza de que elas sabiam e sentiam os efeitos benéficos de seus trabalhos espirituais.
 

    O fenômeno ocorreu da seguinte forma: no dia 15 de novembro de 1897, data escolhida para uma festa beneficente, a capelinha estava repleta de fiéis. O serviço religioso já estava em andamento quando, no altar enfeitado para a ocasião, irrompeu uma labareda. Quando esta foi apagada, viu-se na lateral esquerda, claramente impresso, o rosto de um sofredor. Esta interessante peça, que foi cuidadosamente conservada, pode ser vista no Museu do Purgatório, em Roma. As autoridades eclesiásticas, contudo, nunca se pronunciaram a favor ou contra sua autenticidade, deixando cada um interpretá-la a seu modo.
 

    Padre Jouet, intrigado com o fenômeno, empreendeu viagens pela Itália, França, Alemanha e Bélgica para descobrir se em outros lugares existiam comprovações semelhantes. Suas viagens foram bem sucedidas, pois encontrou provas das mais diversas. 

 Um dedo de fogo num livro de orações   

 
 As visões da velha beata
 

    Uma das mais curiosas relaciona-se ao caso de uma beata da cidade de Geilaschein, perto de Baden, na Alemanha. Segundo seus conhecidos, Margarette Schaeffner era uma mulher profundamente mística que durante sessenta e oito anos dedicou-se e manteve contatos com as almas do purgatório. Estes contatos não eram só místicos. Ela via os espíritos em sofrimento, e os descrevia tão minuciosamente que pessoas que conheceram os mortos surpreendiam-se com a sua exatidão.
 

    Também teve provas materiais  – mãos que deixaram marcas de fogo em objetos que lhe pertenciam.

    Segundo depoimentos de pessoas do local, Margarette era católica fervorosa e costumava narrar suas experiências ao cura da igreja, mas nem este nem os missionários que passavam por lá davam a menor importância ao que ela relatava. Muito ao contrário. Diziam que tudo não passava de sua própria imaginação, estimulada pela superstição popular. Chegaram a proibi-la de repetir as estórias a outros e, em certa ocasião, até a impediram de comungar por um período de três meses. Infelizmente para Margarette, nem mesmo aqueles com quem convivia acreditavam no que ela falava. Estes fatos a entristeceram profundamente, levando-a finalmente a pedir às almas que lhe dessem uma prova concreta da sua existência, do sofrimento do purgatório e de que as preces e as missas em seu favor as auxiliavam. Com essa evidência, ela esperava convencer os incrédulos de que os relatos não eram fruto de sua imaginação e que muito menos estava sendo vítima de influências demoníacas, como queriam alguns.
 

    Emma Schubert, uma enfermeira que conheceu Margarette intimamente, presenciou uma prova e ainda ficou sabendo de outras.
 

    Conta Schubert que uma das provas aconteceu durante um serviço religioso. Margarette fora à missa e, em profundo recolhimento, ajoelhara-se em frente ao altar para aguardar a comunhão. Segurava um lenço entre as mãos postas e, quando aproximou-se com a hóstia, o padre notou uma mancha escura no lenço que aumentava de tamanho. Margarette, por estar de olhos fechados, nada percebeu. Depois de comungar, voltou ao seu lugar e, ajoelhada, continuou orando. O padre, impressionado com a mancha no lenço, procurou Margarette após a missa, pedindo para examiná-lo. O lenço estava na bolsa e, quando foi aberto, ambos viram, com grande surpresa, que nele estava impressa uma mão de fogo. Margarette sabia que a impressão era a resposta à sua prece e pensou que o padre se convenceria da verdade. Mas isso não aconteceu. A dúvida do sacerdote persistiu, mesmo depois que provas semelhantes foram exibidas.
 

    Além da prova no lenço, Margarette recebeu outras. Uma, contudo, é especial e digna de nota, pois foi testemunhada por Emma Schubert. Diz ela que Margarette, sentindo que as almas precisavam de preces e missas, tornou a pedir novas provas, pois com elas esperava convencer outros a fazerem intercessões e missas. Depois de alguns dias ela obteve a resposta. Deveria colocar um pedaço de couro em cima de uma mesa em outra sala. Quando – sempre seguindo as orientações das almas – ela foi buscar o pedaço de couro, viu que duas mãos estavam impressas em fogo. Esta prova foi enviada às autoridades eclesiásticas em Freiburg, na presença de Emma Schubert. O couro gravado encontra-se hoje na paróquia de Gerlachsheim (Alemanha), onde foi fotografado diversas vezes. O lenço impresso na missa estava nos arquivos eclesiásticos de Freiburg, mas foi posteriormente devolvido ao Museu pelo arcebispo Grobes.
 

 Velhos livros religiosos são os preferidos pelas “Mãos de Fogo”    

 

Livro de orações do século 18
 

    Outra prova que deveria constar do acervo do Museu do Purgatório, como hoje é conhecido, encontra-se na Baixa Baviera, em poder da família Hackenberg. É um pequeno livro de orações do século 18. Tem 10 centímetros de comprimento por 6cm de largura. Está bem conservado, apesar de ter servido como “prova de fogo” para um caso semelhante ao de Margarette. Nas páginas 12 e 13 observa-se a impressão de duas mãozinhas. Distinguem-se os cinco dedos, a pequena palma e parte do pulso. Um detalhe interessante é que os dedos dão a impressão.de serem descarnados, ou seja, mãos de um esqueleto minúsculo.
 

    Conta-se a seguinte história a respeito deste caso: certa vez, um membro da família Hackenberg fez uma peregrinação a Grulich, um grande centro religioso. A peregrinação foi feita em favor de seu falecido pai, que o romeiro sentia estar necessitando de preces. Depois de cumprir a promessa, o moço retornou à casa, voltando por um atalho através da floresta. Quando estava a meio caminho, apareceu-lhe a figura do pai, que agradeceu as preces e a intenção, com que foram feitas. Como prova da sua gratidão, gravou duas mãozinhas no livro que seu filho carregava.
 

    Há outro caso semelhante, bem mais recente. O livro faz parte do acervo de uma igreja na região do Sarre, na Alemanha Federal. Conta-se que durante uma missa em sufrágio de uma alma, um fiel – que devia ser clarividente – viu um espírito aproximando-se. Ao chegar perto, o espírito apontou o dedo para o missal e desapareceu. Após a missa, movido por um impulso que não soube explicar, a pessoa tornou a abrir o livro para examiná-lo e viu, na página onde se implora a misericórdia e a indulgência divina para as almas sofredoras, que se acham nas profundezas do inferno, a impressão em fogo de uma mão. Mas há outro aspecto do fenômeno que deve ser observado. O missal era em latim, língua pouco conhecida dos leigos mas bem familiar ao clero. Só um padre conheceria, também, o lugar certo para implorar o auxílio que as almas necessitam para seu sufrágio. 

 O livro de orações da família  Hackenberg    

 

Chifres na peruca negra
 

    Um outro pesquisador interessado em fenômenos desta natureza descobriu um dos casos mais curiosos. Sob uma placa de vidro colocada para protegê-la, vê-se uma mão estampada em fogo. Está numa mesa que deve ter pertencido ao Palácio de Justiça, em Lublin (Polônia). A mão é excepcionalmente grande, não mostra sinais de falanges e dá a impressão de ser esquematizada.
Segundo a lenda, houve naquela cidade um litígio entre uma viúva pobre e um rico magnata. Este reclamou para si os bens da viúva e, tendo subornado os juízes, ganhou a causa. A viúva, desesperada por perder tudo que possuía, levantou a mão em direção a um crucifixo pendurado na parede e gritou: “Se Satanás tivesse proferido a sentença, ela teria sido mais justa.”
 

    Em seguida, os que estavam presentes viram alguns juízes de estranha aparência entrando no salão. Suas perucas eram negras, com dois pequenos chifres. Atemorizado, o secretário tornou a convocar a sessão e o advogado do diabo, com uma exposição curta e sóbria, deu uma explicação quanto aos direitos da viúva à fortuna de seu falecido esposo. Em vista das provas apresentadas, o tribunal deu causa ganha à viúva – sentença bem mais justa que a anterior.
 

    Foi só no dia após o julgamento que o escrivão notou que, na mesa do Tribunal; havia a impressão de uma mão descomunalmente grande, ainda hoje visível.
 

    As hipóteses para explicar como estes e outros fenômenos dessa natureza ocorreram são variadas. Os livros sacros falam em “fogo do inferno”. No Novo Testamento existe a parábola do homem rico que morreu e, abrasado pelas chamas, pediu uma gota de água a Lázaro. Os teólogos e os místicos indagam sobre a natureza desse fogo, sem chegar a um acordo. Todos concordam, porém, que o fogo é o elemento purificador. Mas segundo o pensamento moderno, seria o fogo do remorso, do arrependimento, da  dor, e não exatamente o fogo como o conhecemos na Terra. Contudo, o fenômeno está aí para ser visto. Mãos impressas em fogo ou, como tem ocorrido em São Paulo, roupas e móveis incendiando-se. Um pesquisador acha que ocorre uma materialização rápida, mas não explica como a materialização imprime sua mão ar dente em objetos.  
 

 Prof. Siegmund – um dos pesquisadores    

 

                                                                                        Por: Elsie Dubugras
                                                                                                                        Revista Planeta, Número 80
                                                                                                                                        Outubro de 1980
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