Baseado nos Escritos sobre as Doutrinas Ocultas
O misticismo não é ocultismo. O misticismo é um meio, um método, um procedimento, uma técnica empregada para a devida preparação, para a aquisição dos conhecimentos do ocultismo. O ocultismo é um conjunto harmonioso de princípios, de axiomas, de verdades que se referem a um modo superior, no homem, na natureza e que constituem a expressão de Deus, tal qual a ciência é um conjunto de axiomas que orientam a pesquisa do homem e da natureza. As ciências ocultas são aplicações parciais deste conhecimento, em áreas específicas, tais como a Biologia, a Química e a Física são áreas específicas de conhecimento da ciência. O Ocultismo, como a ciência, é um todo; as disciplinas, como as ciências ocultas, são partes de um todo. As ciências ocultas podem ser classificadas, segundo Helena Petrovna Blavatsky, em Yajña-Vidyâ, Maha-Vidyâ e Guhiâ-Vidyâ.
Yajña-Vidyâ é o conhecimento dos poderes ocultos despertados na natureza pela realização de cerimônias e ritos religiosos. É o fundamento da missa católica, da consagração da hóstia, dos ritos de sacrifício, dos trabalhos da umbanda. Maha-Vidyâ é o conhecimento da magia, da feitiçaria, dos poderes dos mundos inferiores, de suas causas e efeitos. É o conhecimento das ordens e religião que professam o mal, que renegam a Deus, ao homem e à natureza. Qualquer conhecimento ocultista ou ortodoxo que fira o princípio de Cristo: “amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, é pura magia negra.
Guhiâ-Vidyâ é o conhecimento dos poderes do som usado nos mantras, nas preces e orações, baseado no conhecimento das forças da natureza. Os ritmos musicais estão baseados neste conhecimento, daí seus efeitos psicológicos. O ocultismo é o conhecimento da natureza espiritual, ao passo que artes ou ciências ocultas são conhecimentos da essência da natureza material, mineral, plantas e animais, tais como: alquimia, astrologia, quiromancia, tarologia, etc. O ocultismo é o caminho da renúncia do eu, tanto em pensamento quanto em ação. É o caminho no qual o aspirante sacrifica sua alma animal, no altar do Eu Superior, o mestre do santuário interno. Um ocultista é um cientista do mundo espiritual.
A escravidão de um prazer chama-se paixão. O domínio de um prazer pode converter-se em poder. A natureza coloca o prazer junto ao dever; se o separamos do dever, corrompe-se e nos envenena. Se o juntamos com o dever, o prazer não se separará mais dele, nos seguirá e será a nossa recompensa.
Um homem nulo e medíocre poderá chegar a tudo, porém jamais será algo. Um homem apaixonado, que se abandona aos excessos, morrerá por sua própria intemperança, ou será fatalmente arrastado ao excesso contrário. O espírito humano é um doente que ainda caminha com o auxílio de duas muletas: a ciência e a religião. A falsa filosofia tira-lhe a religião, e o fanatismo tira-lhe a ciência.
Todo poder mágico está no ponto do equilíbrio Universal. A sabedoria equilibrante está nestas quatro máximas:
Saber a verdade, Querer o bem, Amar o belo e Fazer o que é Justo. Porque a verdade, o bem, o belo e o justo são inseparáveis, de tal forma que aquele que sabe a verdade não pode deixar de querer o bem, amá-lo porque é belo e fazê-lo porque é justo.
O ponto central na ordem intelectual e moral é o laço de união entre a ciência e a fé. Na natureza do homem este ponto central é o meio pelo qual se unem a alma e o corpo para identificar a sua ação. Todo homem está destinado a atingir este ponto, porque Deus deu a todos uma inteligência para saber, uma vontade para querer, um coração para amar e um poder para operar.
O exercício da inteligência aplicada à verdade conduz a ciência. O exercício da inteligência aplicada ao bem da o sentimento do belo, o qual produz a fé. O homem equilibrado é aquele que pode dizer: sei o que é, creio no que deve ser e nada nego do que pode ser. O fascinado dirá: creio no que as pessoas, em quem acredito, me disseram para acreditar. Creio porque amo a certas pessoas e certas coisas. Em outros termos, o primeiro poderá dizer, creio pela razão e o segundo, creio pela fascinação.
Porque é tão frio o homem quando se trata da razão, e tão ardente quando combate a favor de uma quimera?
É que o homem, apesar de todo seu orgulho, é um ser que não ama sinceramente a verdade, senão que, pelo contrário, venera as ilusões e mentiras. Vendo que os homens são loucos, diz São Paulo: “Queríamos salvá-los pela sua própria loucura, impondo o bem à cegueira da sua fé”. Aqui temos o Grande Arcano do Catolicismo de São Paulo, enxertado no Cristianismo de Jesus e completado pelo Jesuitismo de Santo Inácio de Loyola. É necessário absurdos às multidões. A sociedade compõe-se de um pequeno número de sábios e de uma massa enorme de insensatos. Para completar poderíamos dizer: “Os malvados instruídos são os perversos mais completos e mais emíveis”.
Os povos formam ídolos e os destroem; o inferno se encherá de deuses caídos até que a palavra do “Grande Iniciador” se faça ouvir. Deus é espírito e devemos adorá-lo em espírito e em verdade.
E como diz o próprio testamento do autor: “Neste livro, está a última palavra do Ocultismo e foi escrito com a maior claridade possível. Pode e deve ser publicado este livro? Ignoramos; porém, julgamos que poderíamos e deveríamos fazê-lo. Se ainda existem verdadeiros Iniciados no mundo, é para eles que foi dedicado e cumpre somente a eles julgar-nos”.