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Os seres humanos se transformam física, psicológica
e espiritualmente com o passar do tempo. A vivência
e a convivência com as mudanças do meio
e da sociedade geram experiências que promovem
contínuas adaptações e revoluções nos modos de sentir,
pensar e agir dos indivíduos e dos grupos sociais.

Os mais sensíveis e atentos às mudanças amadurecem
em intuição, inspiração, criatividade e racionalização,
aprimorando sua observação, auto-crítica, sensatez e
comportamento ético.

Os ignorantes, que se acomodam numa hipnótica
rotina de sobrevivência, alheios às metamorfoses
do mundo, não amadurecem com a mesma intensidade
e velocidade, mas gradualmente são impelidos ao
amadurecimento pelas forças psicossociais.

A Revolução Industrial, por exemplo, desencadeou
uma longa série de mudanças de hábitos, em pequena
e grande escalas, que muito influiram sobre a qualidade
dos nossos questionamentos e sobre o refinamento dos
nossos valores.

Em pouco mais de um século, com o aperfeiçoamento
dos sistemas de produção, dos meios de transporte e
dos meios de comunicação, mais e mais pessoas
puderam intercambiar experiências e diversificar
suas formas de aprendizado. Assim, mais gente se
alfabetizou e se politizou, ampliando seus horizontes e
conhecendo melhor seus direitos e deveres enquanto
indivíduo e ser social. Naturalmente, os efeitos atingiram
o plano da espiritualidade.
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Há quem diga que “a fé move montanhas” mas,
francamente, quantas “pessoas de fé” foram vistas
movendo um palito de dentes milagrosamente,
sem o uso de métodos de tração normais  ?
Conhecemos muitos relatos que falam de
homens e mulheres com dons paranormais,
capazes de realizações “impossíveis”, mas
quantas delas transitam pelas ruas do mundo
moderno fazendo milagres inquestionáveis ?
Quantas contribuem decisivamente para semear
esclarecimento e evolução existencial ?

Aliás…O que é “fé” ?
Dizem que fé é “acreditar com devoção” mesmo
que o ponto focal da crença seja invisível, desconhecido
e ilógico. Dizem também que “fé é uma certeza
interior, que vem de dentro do coração”. Uma certeza
que “não precisa de provas para existir”. Esse conceito
que menospreza o crivo da razão é tão comum que
deu margem ao “Credo quia absurdum” ( “Creio porque
é absurdo” ) dos católicos.

A “fé”, nesses moldes, além de irracional é
improdutiva e perigosa, pois cria susceptibilidades
de altíssimo risco numa sociedade repleta de
injustiças, maldades e violências de toda sorte. Não foram
poucas as vezes que os noticiários difundiram casos
de grupos ditos “religiosos”, “místicos” ou “esotéricos”
que literalmente saquearam seus ingênuos seguidores
cheios de “fé”. De vez em quando surgem casos ainda
mais aberrantes de conflitos armados e suicídios
coletivos alimentados exclusivamente pela “fé” que
“não precisa de provas para existir”.
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Todos os seres humanos saudáveis são naturalmente
dotados de cérebro e mente funcionais. Portanto, é normal
darem os passos mais decisivos ao final de
muitos questionamentos e espontâneos processos intuitivos
e racionais. Quantas pessoas entregariam todos os seus
bens a um desconhecido em troca de uma simples
promessa verbal de “proteção divina” ? Por incrível que
possa parecer, muitas são capazes de tamanha
imprudência em função de uma estranha e irracional
“certeza interior, que vem de dentro do coração”.

O que pouca “gente de fé” percebe é que os mais
expressivos avanços da humanidade derivaram de
esforços racionais e não de mera crença infundada.
As maiores conquistas da espécie humana nasceram
de intuições que promoveram intensos questionamentos
e processos racionais. Conhecemos numerosos
exemplos de homens que moveram, perfuraram, esculpiram,
construíram ou demoliram grandes montanhas, mas nenhum
deles foi causado por “milagres” advindos de “fé cega”.

Para que seja possível ter fé verdadeira, isto é,
“acreditar com devoção e com certeza inabalável”,
é fundamental ter conhecimento.
Sem conhecimento a fé não passa de uma palavra
sem correspondente prático. E para se ter conhecimento
é essencial ter curiosidade, amor próprio e vontade de aprender.

A verdadeira fé é raríssima pois só é viável com muito
questionamento e franca auto-avaliação.
Só existe quando se adquire elementos sólidos para
uma crença substancializada, e não porque “o sacerdote
disse que é assim” ou porque “o livro sagrado diz que é assim”.

O “crer pelo crer”, sem o embasamento
da experiência pessoal direta, não existe.
Não é “fé”, nem “fé cega” ! É apenas
uma fantasia inócua que em quase nada
contribui para avançar a auto-realização pessoal.
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O crescimento anual das pessoas que não
têm religião, entre outras coisas, se deve a absoluta
fragilidade da proposta de “fé” das instituições
tradicionais. Estas querem uma “fé sem duvidar”,
afirmando que “duvidar é uma heresia”.

Os humanos modernos, que enviam
sondas robotizadas a Marte e exploram
o complexo universo subatômico, não podem
mais adotar a estupidez de um “crer pelo crer”,
sem o direito de duvidar.
Sabem que em um século a ciência, com todas as suas
dificuldades e contradições, contribuiu muito mais
para o conhecimento de nós mesmos e das
nossas relações com a Criação do que
todas as religiões juntas em dois mil anos.

A ciência se tornou um elemento importante para
o auto-conhecimento e para a eventual
consolidação de uma fé autêntica, que tenha força
de construção e de sustentação. Dai a nosso esforço
para vitalizar o científico-espiritualismo e sua corrente
de livres-pensadores, pois julgamos que a mesma
mentalidade científica que promove a exploração
da realidade à luz de questionamento, debate, experiência,
análise etc.,  é crucial para a espiritualização nos
tempos atuais.

A fé verdadeira tem razão de ser. É estruturada
e sólida. Pode ser explicada e debatida com
lucidez. Pode vir do coração, mas sempre é harmoniosamente
consolidada pela filtragem consistente da razão.

Nossa espécie está mudando ! Estamos em meio a
uma Revolução de Consciência que fará florescer
novos valores e uma verdadeira fé. imageRHV
Texto recebido pelo Imagick de
Mahatma Multimídia

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