Não é recente a preocupação do homem em conhecer os mistérios de sua essência e do seu destino.

Naturalmente, estes mistérios que, na juventude da humanidade, ultrapassam os outros em número, não interessam as inteligências rudimentares, mas os inspirados, os sábios, procuram achar estas verdades na esperança de as comunicar imediatamente aos seus pobres irmãos e de apressar a sua evolução.

Tão longe quanto nós possamos remontar à história, vemos estes pensadores renunciarem à vida ruidosa; eles são retirados do mundo e, em uma calma favorável à meditação, resolvem ultrapassar as contingências, as vãs agitações humanas para meditar sobre a vida real, para subir além dos efeitos e das causas.

Os primeiros desses pensadores cessaram de se entregar às forças que os dominaram, procuraram conhecer estas forças, a adivinhar a sua origem, a dominá-la tanto quanto possível; reconheceram que estas forças obedecem a um ritmo, que eles estudaram nas suas manifestações em aparências múltiplas; acham- se em presença de Leis que eles são forçados a penetrar; conhecem o segredo dessas leis e desses ritmos; procuram e descobrem o Segredo da Vida, de uma vida bela, feliz e harmoniosa.

O fim que eles encontram na vida humana é a Evolução, mas esta Evolução que é? Que somos nós mesmos? Donde viemos nós e para que fim tendem os nossos esforços?

Onde nos levam os nossos destinos?

Se é como sabemos que é em todas as iniciações, para o aperfeiçoamento pessoal, não poderemos apressar este aperfeiçoamento?

Não poderemos adquirir estes poderes maravilhosos, estas faculdades quase desconhecidas nas quais estão sempre as palavras de Iniciado e Iniciação, abrindo-nos as portas dos mundos desconhecidos que a Verdade esclarece com um sol maravilhoso?

A esta questão, os Sábios de todas as épocas respondem afirmativamente. Eles estudam as forças da natureza humana e penetram o segredo da natureza das forças que nos rodeiam, que são sensíveis em nós e ao redor de nós. Eles nos ensinaram a posse e a direção das forças, a fim de que elas sejam utilizadas para a nossa melhor evolução: eles nos ensinaram a dirigir estas forças em lugar de sermos submetidos, ao menos a fazermos uso da sua direção como o cavaleiro se serve de seu cavalo, ainda que este seja mais forte do que ele.

Por este conhecimento, demonstraram-nos que nós podíamos ser senhores de nós mesmos e que podíamos possuir também outros poderes.

Ensinaram-nos a realizar o maravilhoso equilíbrio do coração, do espírito e do corpo que nos une a este ritmo absoluto que dirige os mundos.

Dos efeitos, que todos reconhecem e que caem sob os nossos sentidos, estes inovadores, estes campeões do pensamento humano são conduzidos às causas; eles nos revelam os motivos da desigualdade das condições humanas e de todas as amarguras, de todos os sofrimentos; eles nos levam o Segredo que dá alegria ao coração e, com ele; o pleno desabrochar do espírito, a calma soberana, o apaziguamento do anseio, da inquietação que é o cúmulo da força.

Eles nos conduzem, estes sábios de todos os tempos, para os cimos onde floresce a luz em flamas e em vibrações mais belas do que a música e do que a poesia.

Estes são os que fazem compreender que somos sujeitos a esses Ciclos mutáveis que animam, de transformação em transformação, pela senda da dor, da reflexão e do trabalho, a uma condição melhor de pensamento, a esses como que nós cuidamos com a aspiração mais ardente, ainda antes de obtê-los.

 

O fim de tantos trabalhos é um conhecimento melhor, mais ardente e mais perfeito de nós mesmos; é uma comunhão mais íntima com este mundo desconhecido e sensível no qual estamos banhados.

Para virmos a ser elevados a tal altura é preciso aperfeiçoar o nosso espírito, depurar o nosso coração, despojarmo-nos de todo o sentimento egoístico, estreito e mesquinho para aderir à solidariedade dos outros seres, a este altruísmo que é a mais bela forma de nossos sentimentos. Tal é o fim da nossa vida e todos os Sábios nos ensinam isso, seja claramente, seja sob o véu mutável das imagens e dos mitos.

Somente aproximando-nos deles poderemos compreender toda a beleza do fim oferecido aos nossos esforços.

Alguns se admiram que esses pensadores não tenham apresentado a totalidade de seus conhecimentos sob uma forma acessível a cada um.

É preciso dizer que a dificuldade dos tempos não permitiu sempre entregar a todos, como desejavam, o conjunto do seu trabalho-, não lhes foi possível oferecer a todos sob uma forma acessível. Todos os seres não estão em estado de suportar esta revelação: uma preparação é necessária, porque os cérebros que se acreditavam muito fortes perderam a sua calma em presença desses poderes novos, quase ilimitados, desses meios inesperados de percepção e de conhecimento.

Outros não têm realizado esperanças que eles tinham inspirado; viram nestas revelações possibilidades de lucro, satisfações da vaidade, meios de domínio inteiramente incompatíveis com o alto ideal que deve nascer de tais estudos.

Todos estes investigadores, cujo pensamento ilumina ainda o campo indefinido do conhecimento, todos estes guias de nossa evolução do qual cada um tem presidido a uma fase da nossa civilização: Fo-Hi, Rama, Krishna, Buda, Confúcio, Lao-Tseu, Hermes, Moisés, Orfeu, Pitágoras, Platão, Jesus, todos deixaram ensinamentos e uma tradição apropriados às necessidades da sua época, os quais é preciso conhecermos e dos quais nós devemos tirar proveito para a nossa orientação moral.

A sua ação, cuja lembrança temos conservado, as direções morais que têm sido levadas a deixar as suas escolas e que formam o tesouro de nossas noções são nossa preciosa herança. A verdade que eles têm enriquecido e proclamado, têm adaptado à sua época, à mentalidade daqueles que os escutam, mas nós não podemos ainda servir-nos dela utilmente.

Todos esses sábios entreviram o problema. Por diferentes caminhos, e caminharam para a Luz. Eles todos têm procurado meios de apressar a evolução individual è social dos seres e das faças. Todos têm reconhecido a necessidade de elevar o ser acima da matéria, de dirigi-lo para as alturas, de guiar o seu espírito, de abrir o seu coração e a sua alma a toda esta beleza, aos Ritmos divinos que nos sustem e nos fazem compreender o que seria o mundo se nós tivéssemos dele uma concepção mais pura da realidade.

Esta maravilhosa ação, eles a cumpriram segundo os elementos de que dispunham, segundo a probabilidade de seu tempo.

Todos esses sábios reconheceram que o ser humano, ainda muito apegado à matéria, não estava prestes a receber o conhecimento integral da Verdade. Se esta Verdade absoluta fosse conhecida e obedecida por todos, mudanças profundas e inesperadas operar-se-iam no Universo. A vida social seria construída sobre uma base diferente. As relações sociais seriam modificadas e os bens a adquirir seriam disputados sobre um terreno bem diferente daquele em que o nosso tempo anima a formidável luta pela vida.

Então, o Saber, a Inteligência, a Bondade, os Poderes psíquicos seriam as verdadeiras riquezas e todo ser mais evolucionado gozaria de imensos poderes cujo único pensamento nos mergulha em abismos de admiração.

Porém, o mundo está longe de estar prestes a este desabrochar completo. Portanto, será perigoso e ilógico dar explosivos a uma criança, como seria imprudente dar ou confiar os segredos àqueles que não estão em estado de compreender.

Um dia, o menino será homem e poderá servir-se dos explosivos terríveis para trabalhos úteis; do mesmo modo que os povos, um dia, compreenderão o verdadeiro fim da vida, podendo ser iniciados. O santuário do conhecimento será então aberto a todos.

Longos séculos de espera são ainda necessários. O domínio destes conhecimentos não admite revolução, mas uma evolução contínua. Toda revolução destrói e a evolução constrói. Esta construção que os séculos começaram deve ser efetuada normalmente, lentamente, sem relâmpagos e sem detenças.

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Os Sábios e os Iniciados de todas as idades, em todos os domínios, têm oferecido um duplo ensinamento:

1°. Um ensinamento exotérico destinado à multidão, não

considerado como uma casta intransponível, mas como a totalidade daqueles, qualquer que seja a ordem, que não estão em condições de se conduzirem por si mesmos e de aceder subitamente ao saber.

Este ensinamento não podia, pois, ser senão em uma direção moral, regrando melhor as forças e os sentimentos de cada um.

Daí, vemos os Mitos, os Ritos e os Símbolos, cujo fim tem sido velar, sob a forma mais bela e mais harmoniosa, os ensinamentos que não eram levados ã todos. Desvendar neste momento e, por isso, os resultados da causa profunda e secreta destas formas e destes mitos seriam mais perigosos ainda do que inúteis.

2°. Um ensinamento esotérico. Aqui, mais mistérios e quase uma revolução cheia e inteira de segredos os mais profundos.

Esta iniciação foi sempre reservada a uma elite preparada de longa data, ao| ensinamento. Antes de lhe confiar a ciência, dava-se conta que o futuro adepto possuísse as qualidades requeridas: que o seu julgamento fosse reto; que o seu coração fosse firme, Inimigo da matéria e preservado de todas as vistas cúpidas.

Era verificado que o seu coração possuía sentimentos elevados, que era capaz de tomar interesse pelo bem comum, da verdade, de um alto ideal, ao qual estava prestes a sacrificar tudo e ele mesmo; que ele tinha, na realidade, o sincero desejo de elevar-se, de vir a ter um guia fraternal e seguro.

Por toda parte, nas correntes iniciáticas, filosóficas e religiosas, ao lado do ensinamento exotérico cuja forma exterior nos fere muitas vezes ainda por sua beleza ou pelas aparências estranhas que encobrem interpretações ocultas, encontramos uma parte iniciática que é o apogeu e o coroamento. Este fato é real no Egito, como na Índia, na Pérsia, como na Grécia antiga.

O Cristianismo, como todas as religiões, possuiu, ao começo, a sua tradição iniciática, mais revelada por São João, no seu Evangelho e sobretudo nas figuras misteriosas do Apocalipse. Esta tradição foi, em seguida, condenada como levando à Igreja as causas de perturbações. Mas pode ser encontrado o traço dela em todas as iniciações gnósticas, que se sucederam à igreja primitiva, até nossos dias. Do mesmo modo, o Islamismo possui a sua tradição esotérica no Sufismo.

 

A parte exotérica é naturalmente a mais conhecida das filosofias e das religiões. Sobressaem nelas as belezas exteriores e artísticas do mais magnífico florescimento. Baseando-se sobre o ensinamento exotérico, onde os mestres de todos os tempos resumiram o seu pensamento em formas acessíveis à multidão, é que se imaginou que existem, entre as religiões e as iniciações, divergências Inconciliáveis. É que, nesta parte da revelação, os Sábios foram forçados a ter em conta toda espécie de contingências; eles tiveram do adaptar-se ao tempo em que viviam, aos costumes que dependiam do estado da civilização nessa época e às tendências que floresciam naquele momento na nossa história.

Qualquer que seja a unidade de uma doutrina, não se pode apresentar sob a mesma forma a um hindu e a um europeu, cuja mentalidade é muito diferente.

Por outro lado, as formas naturais não se apresentam da mesma maneira em todos os lugares. A beleza visível é diferente por toda parte. Se os egípcios empregaram o papiro e o lótus, os gregos a acanto, e os europeus o lis, o trevo e outras plantas autóctones, é que eles tiraram da natureza circundante estes modelos de suas criações.

O mesmo se dá no que concerne ao pensamento. Apresenta-se sob a forma mais acessível àqueles que devem compreender; têm-se ornado de todas as magias da forma e da palavra, que não têm sido sem alguma modificação. Mas, sob as suas aparências mutáveis, o pensamento permaneceu o mesmo. A bondade, a virtude, o desinteresse são a base desta direção para um melhoramento da alma.

Este melhoramento não se pode fazer sem conhecimento de causa e o nosso primeiro dever é de penetrar neste conhecimento do ser, do nosso ser pessoal, primeiramente; depois, pelo estudo e pela analogia, que é a chave de muitas ciências, da Natureza e do Espírito, desde as formas inanimadas, desde as primeiras palpitações da vida orgânica, até ao Espírito puro, até a Deus.

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Quanto ao ensinamento esotérico, permaneceu em condições fragmentárias no que as religiões e as literaturas nos têm deixado sobre as antigas iniciações. O fato deste ensinamento ser secreto, não lhe permitiu uma difusão que nô-lo tivesse melhor conservado.

Os mais aproximados de nós entre estes mistérios, os Mistérios de Elêusis, não são notados senão sob a forma de alusão pelos dramaturgos gregos; ainda Eurípedes incorreu nas reprovações por ter falado mais abertamente do que se falava. Ele não era um iniciado de ordem muito elevada. Portanto, para transmitir as verdades adquiridas e não deixar penetrá-las por aqueles que não tinham qualidades para serem admitidos, era preciso conservar-se no domínio, dos mitos e dos símbolos.

Cita-se que um pitagoriano, no momento em que a ordem toda estava em via de perseguição, não podendo pagar completamente seu hoteleiro, deixou-lhe, com a promessa formal de uma pronta liquidação, um desenho geométrico que devia ficar exposto.

O hoteleiro teve confiança em seu hóspede e colocou o desenho bem à vista. Passaram muitos viajantes que não viram o desenho e não deram nenhuma importância; mas um pitagoriano veio, por sua vez, viu a imagem, informou-se da maneira por que ela viera à sua casa e, tendo sabido que o autor a havia deixado em pagamento de uma dívida anterior, fez o pagamento da quantia para que o desenho desaparecesse imediatamente.

Estes símbolos, estes mitos, eram admiráveis em todos os pontos, mas precisava ter a chave para compreendê-lo. Esta chave faltou a todos os pesquisadores. Tem-se, pois, o trabalho de agrupar um pouco destes elementos esparsos de todos os lados. Por outro lado, pelo seu caráter, estes símbolos estavam sujeitos a muitas interpretações, algumas vezes contraditórias. A explicação iniciática não se transmitia senão oralmente, sob o selo do mais profundo segredo. Por isso, os pitagorianos, que citamos porque o seu exemplo é célebre, tiveram a liberdade de se reunir, a sua tradição ficou intacta, mas quando a perseguição se produziu, ninguém pôde dominar o ensinamento dado.

Muitas indicações preciosas surgiram desses fatos e nós não Irmos senão uma parte da tradição oral, necessitando ainda coordenar com a lógica e fazer suplementos, pela dedução e pelo estudo das partes que nos fazem falta.

Resta-nos o que dão os símbolos, o que dão os livros sagrados, as inscrições votivas, esses símbolos pintados ou esculpidos.

Aí, na presença dos fatos materiais e mais facilmente domináveis, o trabalho é menos penoso, tanto quanto os arqueólogos tem levado voluntária ou involuntariamente, o seu contingente de descobertas às pesquisas do Iniciado.

É preciso ainda uma paciente investigação e o agrupamento de muitos elementos esparsos para chegar a esta verdade que é o fim que nós visamos.

Todas estas religiões, todas estas filosofias, sob a multiplicidade de ritos e de símbolos, oferecem àqueles que contemplam, mesmo com olhos de curioso, de turista do ideal, vistas inesperadas, um panorama maravilhoso que atrai e retém o olhar, mergulhando o pensamento no abismo das meditações.

Aquele que chega por acaso a estes estudos, por pouco que seja capaz de extrair deste assunto algum proveito, faz todos os dias verificações singularíssimas, que dão ao seu espírito a vertigem do Infinito, encantando o seu coração pelo vivo esplendor dos cantos e das imagens e, sobretudo, pela amplitude das lições que lhe são dadas!

Este caminho maravilhoso não é, todavia, sem dificuldades.

Seria deixar-se arrastar pelas esperanças vãs, imaginar-se que o acesso pode ser imediato e absoluto ao ser humano, mesmo para aquele que é bem dotado, no domínio da Sabedoria; é preciso uma longa preparação.

O primeiro estágio desta parte da nossa evolução é a libertação de todas as idéias que tínhamos do hábito de nutrir e que, antes de serem adotadas por nós, deveriam ser submetidas a um exame perfeitamente crítico de nossa parte.

O nosso sentido crítico não era talvez tão fortemente esclarecido no momento em que empreendemos a nossa formação intelectual; é preciso, pois, segundo a expressão de Descartes, fazer tábua rasa de nossas precedentes aquisições e recomeçar toda a nossa vida interior começada, como se fôssemos crianças, ávidas de aprender, mas submetidas a esse mestre que é para nós a iniciação começada, a verdade com a qual convém que estejamos em perfeita harmonia.

Este pensamento não nos deve parecer exageradamente penoso; em todo caso, a sua utilidade é imposta; os preconceitos admitidos dão ao panorama dos conhecimentos que adquirimos uma cor que não é a da realidade.

Não é senão no momento em que nós adquirimos por nosso próprio esforço um espírito imparcial e absolutamente objetivo que a verdade nos aparece em todo o seu maravilhoso conjunto!

Então, o que nos parecia absoluto é único, aproxima-se de outros fatos que nós não tínhamos percebido.

O laço de todas as religiões, a semelhança de todos os ritos, a unidade de seu ensinamento nos conduzem a uma evidência.

A diversidade dos dogmas não basta para velar a maravilhosa beleza dessa unidade oculta que nos apareceu como uma separação entre os homens; torna-se um laço mais para eles, uma razão nova de experimentar o mais fraternal amor.

É o que exprime excelentemente Burnouf, dizendo:

“Toda a ciência, a das religiões ainda mais do que as outras, quer um espírito livre e desprendido de ideias preconcebidas; como ela se dirige ao brâmane na índia e ao budista em Sião ou na China, quanto ao cristão na Europa, tem, portanto, toda a necessidade de guardar cada um a sua fé no seu próprio coração e permitir à sua inteligência seguir as vias que a razão lhe abre e que não são nem menos seguras nem menos obrigatórias do que aquelas da fé”. — (Ciência das Religiões).

Esta concepção de uma religião única, variada somente pelas prescrições e pelos ritos apropriados às necessidades de cada raça e de cada povo, interdita todo ódio e todo sectarismo.

Aquele que está elevado até esta verdade, ama todos os homens; porque todas as religiões tendem para o mesmo Deus.

Burnouf demonstrou luminosamente esta unidade das religiões.

“Há — diz ele — nas religiões uma ideia fundamental, que é preciso ter presente ao espírito, sem cessar, quando se percorrem os fatos constatados pela linguística e pela arqueologia, porque esta ideia dará a interpretação dos fatos. A ciência cessa então de ser uma pura análise e toma o seu lugar na ordem das ciências fisiológicas. Esta ideia, que responde à vida na fisiologia, animal ou vegetal, não é hoje mais um mistério. Ela pode ser lida, enunciada cem vezes em termos simples nos Vedas; depois, uma vez que tenha sido tomada, encontra-se por toda parte nas religiões dos tempos posteriores: anima as cerimônias do culto, oculta- se sob os símbolos, dá os seus sentidos à expressões dogmáticas — os seus sentidos, a sua direção e a sua unidade, espalhando-se enfim nas doutrinas morais, em práticas e em consequências de toda espécie, de que o gênio dos povos e a natureza dos meios bastam para explicar a diversidade.”

Elevando-se a estas alturas, percebe-se uma espécie de harmonia perfeita nesta unidade das religiões; encontra-se esta unidade em todas as manifestações da idéia religiosa; as fórmulas diferentes dissimulam a custo esta unidade das mesmas verdades, das mesmas tendências; não se julgam mais as tendências de um povo ou de um culto sobre um fato isolado que nos desnortearia mais ou menos, porém, este fato estranho, comparado com os outros, semelhantes a tal ramo da família humana, e se descobrem os laços que os prendem ao Absoluto, que é a necessidade de todos os corações!

 

A Religião é uma necessidade do homem, uma necessidade do Espírito.

Antes de tudo, em um período de animismo, o homem, maravilhando-se da vida singular que desperta o sonho, descobriu uma parte imaterial em si mesmo, uma parte de que ele ainda não tinha conhecido a causa.

Há, mais ou menos empiricamente, o reconhecimento do duplo, do perispírito, da alma, e alguns fatos surgiram que lhe revelaram a sobrevivência destes seres já desprendidos da matéria, e então acreditaram nesta sobrevivência; procuraram assegurar-se por todos os meios e tornarem-se favoráveis aos que eles julgavam existir em um outro mundo posto que estivessem invisíveis.

O fetichismo veio em seguida. O homem percebeu que a parte imaterial de seu ser é solidária às outras partes; pode-se desde esta vida operar sobre a alma, perturbá-la ou sustentá-la.

Resulta um período onde reina a mais baixa e a mais obscura magia, a feitiçaria mais negra.

Temem, então, a má influência dos mortos.

É daí que resulta o material pueril e complicado para se tornar favorável às potências invisíveis e também os objetos que servem para afastar o perigo oculto, assegurar a sua proteção; talismãs, fetiches sobretudo, que não pedem grandes conhecimentos e são as mais das vezes objetos usuais e grosseiros, aos quais se atribuem um estranho poder.

Este fetiche, melhor talhado, vem a ser depois um ídolo que serve, algumas vezes, para evocar o espírito dos mortos.

A inteligência, desenvolvendo-se, não se contenta com estas ideias vãs, com estas vãs imagens; eleva-se a conhecer as leis; compara os princípios e efeitos.

Reconhece a ação de um ser superior aos homens; faz um apelo a estes poderes desconhecidos; pede tudo o que é necessário a este princípio das sociedades.

É então que as forças abstratas lhe são reveladas e que, para as compreender um pouco as tem personificadas com todos os recursos da arte nascente.

Então, cria-se a Mitologia, esta personificação de todas as forças que atinge o seu apogeu tanto na índia como na Grécia.

Estas lendas transparentes para os iniciados contam as ideias abstratas ou os fenômenos cósmicos que a multidão, mal esclarecida, não podia atingir.

Para esta multidão, os padres, os sábios, os diretores espirituais ocultam a verdade sob o véu harmonioso da lenda; enfeitam-na com as mais belas formas, porque eles sabem que os seus pensamentos não eram acessíveis àqueles que não eram iniciados e que precisariam, no entanto, satisfazer este apetite do divino, que reina em nosso coração.

Este foi o reino do politeísmo. É um erro pensar que os espíritos esclarecidos destes tempos acreditavam em muitos deuses. Eles sabiam bem que um único pensamento, uma única lei consciente pode dirigir o universo ou os universos, mas estas imagens representavam, na realidade, ideias e forças naturais, às quais só o vulgo dava uma existência pessoal.

Todavia, este erro aparente podia perpetuar-se e o povo recebia, com as iniciações semíticas, a consciência do verdadeiro Deus, único e perfeito, que fez o que governa o mundo.

Por outro lado, os ritos têm a sua razão de ser. Burnouf, na Ciência das Religiões, diz muito justamente:

4s religiões constituem um ato de adoração e a adoração é, ao mesmo tempo, um ato intelectual, pelo qual o homem reconhece uma potência superior e um ato de amor pelo qual adestra a sua bondade. Estes atos não são abstrações e não podem explicar abstrações científicas. São realidades em que o homem é o autor desde os tempos antigos! São obras que não têm cessado de cumprir em épocas de alta civilização e em épocas de barbaria e decadência. É preciso admitir, para não acusar de insigne loucura todo o gênero humano, que as fórmulas sagradas, assim como os ritos e símbolos, cobrem qualquer coisa de real, vivo, permanente, que dá a todas as religiões a sua duração e a sua eficácia.

Seria também absurdo imaginar que o sentimento religioso pudesse ter sido criado por incitamento de uma pessoa qualquer. Como dissemos, há aí uma necessidade primordial da Humanidade e se encontra não somente em todas as fases civilizadas, mas também em todos os tempos e países mais selvagens.

Não há, nos momentos em que a intelectualidade tem sido a mais rudimentar, um povo absolutamente despido de religiosidade.

O homem das cavernas desenhou, sobre o osso dos animais mortos por ele mesmo, cenas religiosas; selvagens, das populações mais bárbaras, têm sempre um culto grosseiro, mas ao qual ajuntam uma importância capital. É preciso, pois, admitir que a ideia de Deus veio ao mundo com a Humanidade e que o homem admitiu esta ideia desde que ficou surpreendido de pensar; misturou-a ao sentimento das necessidades materiais, das quais servia para se defender dos animais terríveis das eras antediluvianas; ele se preocupava com ela ao mesmo tempo que se preocupava na luta contra a fome e o frio.

Na presença dos fatos tão certos e tão gerais, é necessário admitir que existem ideias inatas na Humanidade, ideias eternas que ela traz de sua origem e que talvez nos revelariam essa origem se nós estivéssemos em estado de compreender tal como a Humanidade primitiva pôde compreender.

Na Ciência das Religiões, Burnouf demonstra que existe uma ideia eterna à base da religião:

“O trabalho do espírito que se esforça para elucidar constitui a ciência (veda). A palavra que a exprime é a mais alta e a mais compreensível de todas as palavras; é a palavra, o verbo (vak); e a voz que enuncia esta palavra exprime um canto sagrado. Este canto, esta palavra, esta ciência, esta razão, esta ideia, eis aí o elemento persistente de tudo o que existe; este elemento é, ao mesmo tempo, o agente da vida, o primeiro motor. Todos estes caracteres reunidos pertencem a uma mesma época de estado do ser perfeitamente abstrato, porém que não pode ter de individual à maneira humana. Cada ciência, cada culto, cada língua, chamam-no de u’a maneira; mas o seu verdadeiro nome é Deus, pai universal e autor da vida, Ahura, Brama.”

 

Esta concepção de Deus, pai e criador, é a do iniciado.

Não está submetido a esses mitos e ritos, que têm sido criados para aqueles que não têm seguido a senda da ciência. O iniciado está acima da religião, porque, para ele, os véus caíram, todos os véus que ocultavam e dissimulavam a idéia.

Admira Deus diretamente e tudo o que é intermediário é, para ele, completamente inútil.

Como todos os seres humanos, o iniciado reconheceu a necessidade da fé. Mas a sua fé não é a fé cega e estúpida da multidão. É uma fé consciente, que está baseada sobre o conhecimento e que cresce justamente deste conhecimento para entrar no domínio do intelectual.

O iniciado não julga útil fechar os olhos para ver; raciocina sobre as

verdades que ele aceita; seu espírito possui esta síntese de todas as religiões, de todos os esoterismos; a aliança da ciência e da fé.

Percebe a necessidade de um pensamento diretor de todos os nossos atos. Sabe que a vida não nos é dada sem uma causa e que ela não escoará por acaso; sabe que todos os acontecimentos nada terão de fortuitos, que eles sucederão segundo um plano traçado por ele, que se esforça cada vez mais para aderir a esse plano e de conformar toda a sua vida, que tem o direito de atingir as satisfações, as realizações prometidas.

O iniciado tem a consciência de que existe um Deus único, criador de todas as coisas que Ele anima, desde a pedra até o homem; nada para ele existe senão segundo as leis sábias e justas.

Mas ele sabe também que esta certeza tem sido encarada por todas as religiões e traduzidas por elas de uma forma diferente; sabe que a variedade do caminho tem conduzido para a mesma Luz, esta Luz que esclarece o espírito, todos os dogmas e todos os símbolos; compreende-os, admira-os como surtos do coração e da consciência da humanidade; admira essa unidade de sentimentos e ideias, que serve de base a todas as religiões, dá motivo a todos os ritos, como o ar vibra em todos os cantos e os eleva para o céu.

O iniciado, digno desse nome, coloca-se acima, ou antes, fora de todas as religiões na sua forma material. Não tem absolutamente necessidade de um culto para notar a presença de Deus. A vista maravilhosa da Natureza basta para ele como um Templo perfeito, onde se encontra em perene adoração. O iniciado compreende ou adivinha o que a Natureza lhe revela; os ritmos que ela manifesta e que são a prova evidente da vontade consciente que lhe deu a vida, aparecem-lhe em todo lugar. E é no seio da Natureza, na comunhão com os ritmos, que são a sua voz pessoal, que ele percebe melhor o divino e que se une com todo o fervor de seus sentimentos e de seu espírito.

Toda forma de vida é para ele um motivo de estudo. Todo ser lhe revela uma parcela da divindade. Abre o seu coração a todas as coisas que evolucionam, com todo o amor, com esse amor infinito que sobe em graus ascendentes de sua própria evolução!

Nos centros iniciáticos o iniciado achará a mesma unidade que lhe aparece em todas as religiões. Os ritos, que têm exprimido as verdades absolutas, têm a mesma origem e são somente de um simbolismo menos material. Todas as iniciações têm prosseguido para o mesmo fim. Todas têm oferecido ao adepto os meios sempre mais numerosos e mais perfeitos para se analisar, para se aperfeiçoar, para adquirir virtudes e conhecimentos, para se elevar aos novos cimos divinos.

Porém, enquanto a religião se dirige à multidão, enquanto a seduz pela beleza dos ritos e comove pela doçura de seus ensinamentos, os Centros Iniciáticos revelam a verdade pura e indicam uma ascese, permitindo atingir aos mais altos cumes e transpô-los mais rápida e seguramente.

Nos grupos citados, o ensinamento não é sobretudo teórico e geral, porém essencialmente prático.

E alem de prático é pessoal.

Um Centro Iniciático não pode admitir senão membros já eleitos, já quase iniciados pelas suas pesquisas ou pela sua vida e que estão prestes a compreender e assimilar o que lhes disserem para sua melhor evolução.

O fim de todas as religiões, como o de todos os centros iniciáticos, é sensivelmente o mesmo, apesar da diferença dos meios; por toda a parte o fim é desprender a alma da matéria para aproximá-la de Deus; porém, a iniciação dá os meios mais seguros e mais rápidos, mais conscientes.

Nos seus comentários sobre os “Versos Áureos de Pitágoras”, Fabre d’Olivet nos diz:

“Todas as iniciações, todas as doutrinas mitológicas, não tendem senão a livrar a alma do peso da matéria, a depurá-la, a esclarecê-la pela irradiação da inteligência, a fim de que, desejosa de bens espirituais, possa lançar-se fora do círculo das gerações para se elevar até a fonte de sua existência”.

Os meios de ascensão para atingir este fim tão nobre são igualmente comuns às religiões e aos centros iniciáticos. Eles comportam antes de tudo uma parte exotérica e, em primeiro lugar, o Conhecimento de Si mesmo.

Efetivamente, nós não podemos fazer nada de útil para percorrer a senda iniciática, se nós não conhecemos o nosso ser em si mesmo e nas suas relações com Deus, com a Natureza, com a Humanidade, da qual dependemos e que atingem todas as nossas ações.

Devemos, em seguida, depurar o nosso corpo por uma vida sã e regular, por uma higiene bem compreendida que não possa prejudicar a parte espiritual pelas alegrias muito animais, nem destruir o bom funcionamento dos órgãos pelas privações inconsideradas. Uma direção é útil para atingir este justo meio.

O espírito tem necessidade de educação; devemos desenvolver estas faculdades sem lhe permitir dissecar a vida sentimental e não lhe autorizar senão pensamentos cujas vibrações sejam benéficas tanto para nós como em torno de nós.

O coração tem necessidade de expansão, mas não é pela expansão que nos tornamos um deus. Só o altruísmo dará a paz e as alegrias necessárias à sua evolução.

Enfim, para responder à necessidade mais elevada da nossa natureza, é necessário admirar a Deus, render-lhe, no nosso coração e no nosso pensamento, um culto que adornaremos de toda beleza possível, porque o amor e o reconhecimento se comprazem nos seus deveres.

Na parte esotérica, a iniciação dá aos seus adeptos o que a religião não saberia, sem perigo, conferir aos seus.

É o conhecimento das forças misteriosas que estão em torno de nós e em nós mesmos.

Ele ensina que o poder é ilimitado pela Vontade e pelo Pensamento. Ele demonstra que toda a realização não depende senão destas duas forças e que ela pode ser despertada como um poder verdadeiramente sem limite àquele que sabe usar tal conhecimento. A iniciação lhe revela ainda que é a força vital de que todas as religiões falam sob o nome de calor, porque não é vão nem sem causa que a idéia de vida está ligada a do calor natural. E esta idéia primordial, que conduziu todos os centros iniciáticos a se ocuparem especialmente do Fogo como agente físico, considerando-o como a representação da Força vital e, partindo desse dado, eles têm feito um ser metafísico que é o coração do mundo, comunicando-lhe o calor e a vida.

Nos tempos antigos, o Fogo foi adorado como um símbolo da vida; desde a primeira civilização tem imperado sobre o altar e lhe renderam homenagem como uma imagem divina, porque representava o poder da vida e a flama do pensamento.

A iniciação desenvolve nos seus adeptos faculdades novas. Criou neles uma intuição mais poderosa, percepções mais vivas e mais seguras; o campo do conhecimento se torna, efetivamente, mais extenso pela acuidade da percepção. Eles aprendem ainda a agir sobre os outros seres; as forças que eles adquirem devido à sua ascese não lhe servem somente a querer ardentemente o bem, mas também a realizá-lo.

Eles possuem o meio porque a tarefa do homem não está acima de suas forças. Os agrupamentos são, pelo exemplo e pela união, fomentadores de energias.

As vontades enfraquecidas se levantam; os males do espírito como os males do corpo desaparecem pelo magnetismo harmonioso.

A iniciação confere ainda o conhecimento das forças ocultas das quais já temos falado. Estas forças que nos rodeiam e que dominam o profano, podemos chamá-las para fixá-las como sustentáculo da nossa ação. Elas acorrem ao nosso apelo quando ele é puro e sincero; é um fato do coração isento de toda visão pessoal. Elas dependem dos ritmos aos quais estamos submetidos, e esses ritmos são revelados aos adeptos quando eles têm atingido o grau em que esta revelação lhes é permitida. Conhecem, então, a lei do Carma, a Justiça das desigualdades aparentes da vida e todos os caminhos ocultos da nossa evolução.

Este ritmo misterioso nos é revelado diretamente quando os nossos

sentidos, melhor exercitados, adquirirem uma sensibilidade particular, que os torna aptos a essas percepções.

E se o caminho aparece penoso e árduo, todos os adeptos se sustentam, não formando senão um coração e uma alma.

Trabalham uns pelos outros, revelando-se mutuamente a beleza da vida. Esta fraternidade ativa permite ao iniciado realizar plenamente. Ele conquista desse modo o seu lugar no mundo; toma a autoridade que lhe é necessária para trabalhar para a sua evolução e para a de seu ambiente.

O iniciado deve operar e apressar o reino do Bem.

Esta parte esotérica tem sido sempre a mais importante. Isso é de si mesma, porque a parte exotérica não pode dar à multidão senão idéias vagas, sobre as quais não lhe fornece senão explicações que não podem servir para dirigir no caminho da realização.

A multidão, assim considerada, deve escutar, fazer e compreender, se for possível. O ensinamento esotérico dá todas as chaves, abre todos os mistérios, maneja diretamente o ser e o conduz com passo seguro ao fundo do problema que subitamente se aclara.

O exoterismo é a teoria; o esoterismo é a prática.

Seria certamente interessante mostrar a existência constante da doutrina esotérica; não, faltam documentos que conduzem à prova dessa certeza. Mas isso seria um trabalho considerável e sem utilidade imediata.

Precisaria remontar às épocas longínquas, à China que nos revela nos trigramas de Fo-Hi a primeira idéia da Trindade e de seus ritos baseados sobre o raciocínio; às Índias, mãe de todo o saber europeu; ao Egito que instruiu Pitágoras; à Judéia, que nos transmitiu a Cabala; à Caldéia, que nos legou as ciências de observação; à Pérsia e à Grécia, que rivalizam para nos fazer conhecer os deuses sob as mais belas formas que não tinham escondido jamais o princípio de todas as coisas. Porém, para desfolhar esta documentação enorme, precisaria bem mais tempo do que o temos empregado.

A presente obra deve passar muito regular e rapidamente sobre esta parte histórica. Qualquer capítulo nos é suficiente para dar uma ideia geral, deixando para mais tarde voltar em detalhe sobre todas estas civilizações desaparecidas, se o tempo nos permitir.

O que é necessário aqui, é demonstrar que esta ciência secreta tem, em todos os tempos, feito parte do tesouro intelectual da humanidade. Em seguida, nos esforçaremos para desprendê-la dos mitos que a obscurecem, de torná-la precisa para os adeptos, pura e sem véus entre as mãos dos trabalhadores que seguem o mesmo fim que seguimos, que procuram na poeira das idades o segredo das direções nítidas e precisas que nos permitirão desenvolver em nós e em torno de nós todos os poderes necessários ao desenvolvimento deles e à evolução do mundo.

O ensinamento que damos no presente volume — aquele que demos no primeiro ciclo do nosso Centro Iniciático — é prático antes de tudo.

Este caráter realizador tem-nos forçado a algumas reservas.

Porém, como já temos dito, teremos ocasião de rever, porque constituem pontos que não são possíveis desenvolver em público, ensinamentos que teriam perigo de ser confiados aos profanos; estes ensinamentos são reservados a um pequeno número de pessoas que nos seguem verdadeiramente e não podem ser transmitidos senão por palavra.

Tal não é o fim deste livro, destinado a cair em todas as mãos.

Tal como se apresenta aos nossos leitores, temos a certeza de que ele já comporta muitos ensinamentos que não teriam encontrado em outra parte.

Apesar da reserva que nos é imposta pela prudência, preferimos que aquele que puser em prática seus conselhos, não por um dia, mas para modificar utilmente a sua vida, possa tirar os resultados mais felizes.

Pode-se mesmo esperar que a intuição se desenvolverá em nosso leitor, se quiser seguir os conselhos que são dados e que lhe permitirão adivinhar, em parte ao menos, tudo o que não nos é dado revelar aqui.

Ao trabalho, pois, leitor amigo! Este livro não pode e não quer ser senão o primeiro passo sobre a Senda; porém para quem tenha posto o pé sobre o caminho, virá o desejo dominador de o percorrer inteiramente.

Os primeiros esforços podem parecer penosos, mas a alegria é sempre maior para aquele que avança com um passo sempre mais seguro, que a verdade esclarece e que conduz à Felicidade pelos caminhos da Paz e da Bondade.

Henri Durville