sorcerer[1]Havia um homem pobre que desejava algum dinheiro e tinha ouvido dizer que se conseguisse agarrar um gênio poderia ordenar-lhe que lhe trouxesse dinheiro  ou qualquer outra coisa que desejasse. Estava, portanto, muito ansioso para  agarrar um gênio. Foi procurar um homem que lhe desse um gênio, e acabou por  encontrar um sábio com grandes poderes. Solicitou seu auxílio e o sábio  perguntou-lhe o que faria ele com um gênio.

– Desejo um gênio para trabalhar em meu benefício. Ensinai-me como agarrar 
um, senhor. Desejo isso mais que tudo.

Mas o sábio respondeu:

– Não vos preocupeis. Voltai para a vossa casa.

No dia seguinte, o homem tornou a procurar o sábio, e começou a chorar e a 
suplicar:

– Dai-me um gênio. Preciso de um gênio, senhor, para ajudar-me.

O sábio acabou por aborrecer-se, e disse-lhe:

– Tomai este talismã, repeti esta palavra mágica e o gênio virá, fazendo o 
que quer que lhe ordeneis fazer. Mas tende cuidado. Os Gênios são terríveis 
e devem ser mantidos constantemente ocupados. Se deixardes de dar trabalho 
ao vosso, ele vos tirará a vida.

O homem respondeu:

– Isso é fácil. Posso dar-lhe trabalho por toda a sua vida.

Então, foi à floresta, e depois de Ter repetido longamente a palavra mágica, 
um enorme gênio lhe apareceu e disse:

– Sou um gênio. Fui conquistado por tua magia, mas deves manter-me 
constantemente ocupado. No momento em que deixares de me dar trabalho, eu te 
matarei.

O homem disse:

– Constrói-me um palácio.

O gênio respondeu:

– Está feito. O palácio já está construído.

– Dá-me dinheiro – falou o homem.

– Aqui está o seu dinheiro – replicou o gênio

– Derruba esta floresta e constrói uma cidade em seu lugar.

– Está feito – disse o gênio – Mais alguma coisa?

Então o homem começou a se assustar e pensou que nada mais poderia ordenar 
ao gênio, que fazia tudo num abrir e fechar de olhos.

O gênio declarou:

– Dá-me algo para fazer senão eu te comerei.

O pobre homem já não encontrava ocupação para ele e estava apavorado. 
Correu, correu, e por fim encontrou o sábio e disse-lhe:

– Oh! Senhor, protegei a minha vida.

O sábio perguntou-lhe o que lhe acontecia, e o homem respondeu:

– Não tenho mais nada para ordenar ao gênio. Tudo o que eu lhe digo, ele faz 
num momento, e ameaça comer-me se não lhe der trabalho.

Nesse momento chegou o gênio, dizendo:

– Eu te comerei.

E ia comer o homem, que começou a tremer, suplicando ao sábio que lhe 
salvasse a vida. O sábio falou:

– Encontrarei uma saída. Olhai para este cão, que tem a cauda curva. 
Arrancai rapidamente a vossa espada e cortai-lhe a cauda, dando-a ao gênio 
para endireitá-la.

O homem cortou a cauda e, lenta e cuidadosamente, o gênio endireitou-a. Mal, 
porém, largou dela, eis que de novo se enrolou. Assim ficou durante dias e 
dias, até que se sentiu exausto e disse:

– Nunca na minha vida tive transtorno igual. Sou velho, um gênio veterano, 
mas nunca cheguei a transtorno igual. Vou fazer uma combinação contigo: 
liberta-me, e poderás conservar tudo quanto lhe dei, com a minha promessa de 
que não te farei mal.

O homem ficou encantado e aceitou alegremente a oferta.

Este mundo é como a cauda enrolada de um cão, e as pessoas levam a lutar 
para endireitá-la durante centenas de anos. Quando largam dela, eis que de 
novo se enrola. Como poderia ser de outra maneira?

É preciso, primeiro, saber como trabalhar sem apego, para que não se chegue a 
ser um fanático. Quando soubermos que este mundo é como a cauda enrolada de 
um cão, cauda que jamais poderá ser endireitada, não nos tornaremos 
fanáticos. Se não houvesse fanatismo no mundo, ele progrediria muito mais do 
que agora. É um erro supor que o fanatismo pode impulsionar o progresso da 
humanidade. Pelo contrário, é um elemento que retarda esse progresso, 
gerando ódio e cólera, e levando os indivíduos a lutarem uns contra os 
outros, fazendo-os sentirem-se mutuamente antipáticos.

Pensamos que o que quer que possuamos ou façamos é a melhor coisa do mundo, 
e que o que não possuímos nem fazemos nada vale. Lembrai-vos sempre, 
portanto, da história da cauda enrolada do cão, de cada vez que tiverdes 
tendência para vos fanatizar. Não precisai preocupar-vos ou ficar insones 
por causa do mundo, ele seguirá sem vós.

Quando tiverdes evitado o fanatismo, e só então, trabalhareis bem. O homem 
de cabeça bem equilibrada, o homem calmo, de bom julgamento e nervos frios, 
dotado de grande capacidade de simpatia e amor, é o que faz bom trabalho, e 
assim fazendo, faz bem a si próprio. O fanático é insensato e não tem 
simpatia. Jamais pode endireitar o mundo, nem se tornará puro ou perfeito.
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Texto extraído do livro:
“As Quatro Yogas de Auto-Realização”
Swami Vivekananda 
Ed. Pensamento.

 


Wagner Borges
(Pesquisador, projetor e sensitivo espiritualista, conferencista,
autor dos livros “Viagem Espiritual Vols. 1, 2 e 3” e dos livros “Uma lição Extraterrestre”
e “Falando de Espiritualidade Vol. 1”,
fundou o Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas – IPPB – www.ippb.org.br)
É colunista de várias revistas dentro da temática espiritual e de vários sites da Internet.
É instrutor de cursos de Projeção da consciência (viagem astral), Bioenergia (aura e chacras), Hinduísmo, Taoísmo, Hermetismo, Mediunidade, Espiritualidade Celta, Xamanismo e temas espirituais em geral.
Foi produtor e apresentador dos programas “Viagem Espiritual”, “Viagem Musical” e “Viagem Progressiva”
da Rádio Mundial de São Paulo – 95,7 FM – por três anos.
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