Qual o significado de todos estes terremotos, guerras, inundações e sofrimentos de toda a espécie?

Há muitas respostas. Umas são baseadas em suposições, outras no encadeamento de causas e efeitos. Mas, se as pessoas olhassem bem para si próprias e conhecessem o expressivo alfabeto do simbolismo, que permite tornar sensível todo e qualquer conceito inteligível, não teriam necessidade de ir mais longe para encontrar a resposta.

Os símbolos fazem parte de uma linguagem usada tanto por Iniciados como pelas nações, países e raças. O símbolo da Grande Pirâmide do Egito está numa das faces do Grande Selo dos Estados Unidos desde 1782. Porquê?  

Nada acontece “por acaso”. Há forças e entidades invisíveis por detrás dos acontecimentos, que guiam e conduzem todas as nações, incluindo os Estados Unidos, tanto mais que, como se diz no Conceito Rosacruz do Cosmo, é deste país que sairá a última de todas as raças do atual esquema de evolução (1).

Desenvolveram-se muitas teorias na ânsia de provar a idade e explicar o objetivo desta Pirâmide. Algumas afirmam que foi construída cerca de 2170 a.C. Entretanto, Max Heindel afirma ser possível recuar a sua construção a 250.000 anos a.C., quando era usada como Templo Iniciático. Seja como for, temos a convicção de que foi construída sob os auspícios do Supremo Arquiteto do Universo. Nenhum outro autor poderia ter esboçado e construído um monumento tão perfeito nas suas linhas gerais ao ponto de, ainda hoje, as suas pedras, algumas pesando 14 toneladas, se acharem tão perfeitamente ajustadas que torna impossível introduzir uma lâmina de barbear entre elas.

Segundo Mat. 21:42, Jesus perguntou: “Nunca lestes nas Escrituras: a pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta por cabeça do ângulo? Pelo Senhor foi feito isto e é maravilhoso aos nossos olhos.” A pedra que foi rejeitada pelos construtores!

É significativo que os construtores das Pirâmides nunca as terminavam, deixando por colocar a pedra cumeeira ou capitel. Isto lembra-nos a Alegoria do Fator de Deslocamento. Explica ela que, ao finalizar a construção, os arquitetos verificaram que a pedra do capitel não se ajustava às medidas do espaço final. Havia um desajuste em todos os lados, medindo na totalidade 286 polegadas (2). Há quem admita ser este erro o resultado da falta de cumprimento rigoroso do projeto original.  

É neste ponto que funciona a Lei da Compensação. Na entrada da Grande Galeria, no ponto da linha cronológica que corresponde à data da crucificação de Jesus, o teto tem a altura de 286 polegadas – que é o valor do erro. Vemos, assim, que essa alteração do plano original é compensada pela vinda de Jesus Cristo, o Mestre Construtor e Iniciado.

A Grande Pirâmide indica particularmente que a América deve abrir as portas à harmonia, como se o continente se tivesse afastado do plano e da harmonia geral.

Examinemos, por um momento, o símbolo do capitel, existente no Grande Selo, por cima da pirâmide inacabada. Nele aparece o Olho da Providência, suspenso, um pouco acima da Pirâmide.

Isto parece evocar algo espiritual, valores que se devem merecer. A glândula pineal, cuja função é em parte desconhecida pela ciência, denominou-se “terceiro olho”, porque, através do desenvolvimento desse órgão, o homem põe-se em contacto com os mundos espirituais.

Notemos agora que o simbolismo do número 13. Repete-se várias vezes no Grande Selo, que utiliza o mesmo alfabeto dos construtores das pirâmides egípcias.

Há 13 letras nas palavras Annuit Cœptis, “Deus ajuda-nos”, e 13 fiadas de pedras na Pirâmide. Ora, a base da Grande Pirâmide de Gizé cobre exatamente uma área de 13 acres (52.611 m2) e julga-se que os habitantes da América descendem da 13ª tribo de Israel, a de Manassés.  

A frase Novus Ordo Seclorum, “Nova Ordem Mundial”, que tem igualmente 13 letras, é uma alusão ao mundo novo que despontou no povoamento das terras norte-americanas com a aceitação geral dos recém-chegados, sem qualquer discriminação e idealmente sem pobreza nem opressão.

Muitas coisas se poderiam dizer acerca das datas inscritas na Pirâmide de Gizé por meio de uma cronologia profética baseada nas medidas, em polegadas, usadas na construção deste monumento, que a transformam num verdadeiro calendário que se estende por seis mil anos.

A linha cronológica deste calendário permite determinar, a partir das suas intercessões com as saliências dos recintos, degraus, paredes, etc., diversos acontecimentos importantes.   

Mas a coisa mais relevante, e que nos faz lembrar sempre, é que o homem deve manter-se em harmonia com o universo mutável e estabelecer o Reino do Cristo no seu próprio coração, para que, finalmente, esse reino se estabeleça na terra. Assim, o que houver no interior de cada um, manifestar-se-á visivelmente no exterior. Como o homem pensa, assim ele será.

Quer se saiba, quer não, os nossos pensamentos diários incentivam, ou dificultam, o estabelecimento dessa ordem e dessa paz no universo.

Max Heindel, citando H. P. Blavatsky, diz que a construção da Pirâmide se baseou no conhecimento dos Mistérios e nos seus diversos graus iniciáticos (3). Nesse tempo relembravam-se no cerimonial as grandes transformações cósmicas associadas ao que os astrónomos denominaram Ano Sideral (25.868 anos). Num dos ritos iniciáticos, que se denominava “Umbral do Além”, o candidato era atado a uma cruz de madeira existente numa cripta e ali permanecia durante três dias e meio. 

Durante esse tempo, enquanto o corpo físico jazia inerte, o espírito, envolvido nos seus corpos mais subtis, percorria conscientemente o Mundo do Desejo, conduzido por um Hierofante, que o submetia às provas do fogo, da terra, da água e do ar. Quer dizer, o Hierofante mostrava ao iniciando que, agindo nesses veículos, nenhum destes elementos o podia afectar ou limitar. Despertava-o ao alvorecer do quarto dia. Então, dava-se-lhe a “Palavra” e ele “nascia de novo”.

Os Iniciados dos Templos do Egipto denominavam-se “phree messen”, que significa “filhos da luz”, porque tinham recebido a luz do conhecimento. Esta palavra transformou-se e, agora, escreve-se, em língua inglesa “freemason”.

Podemos comparar a passagem ascendente da Grande Pirâmide à jornada do homem através do deserto da vida física.  

O corredor descendente é uma passagem relativamente suave. Conduz à Câmara Subterrânea, ou Câmara do Renascimento. O tecto, as paredes e o piso são irregulares, mesmo toscos. Simboliza o caminho e as dificuldades que as multidões humanas escolheram e têm de suportar. Outro corredor, ascendente, leva à Câmara do Rei. O plano inclinado assinala a necessidade de vigor, força de carácter e perseverança para alcançar a iluminação. É este o caminho que todos os aspirantes deveriam seguir.

Na Câmara do Rei há um sarcófago vazio e aberto. Simboliza a vitória sobre a morte. O nosso eu pessoal deve “morrer diariamente” até que, finalmente, possamos dar nascimento ao Cristo interno.  

Não quer isto dizer, naturalmente, que nos basta um pensamento de simpatia ou uma prece por este ou por aquele. O que devemos fazer, continuamente, diariamente, é esforçar-nos, com seriedade, a fim de nos tornarmos instrumentos úteis no estabelecimento dessa fraternidade universal.

O verdadeiro valor de uma pessoa é medido pelo serviço efetivo que presta e não pelas suas palavras. Portanto, a fim de que possamos completar e aperfeiçoar o nosso templo, ou pirâmide, devemos esforçar-nos para receber o capitel – esse valor espiritual – que nos relaciona com os planos celestiais e que nos será dado quando tivermos dominado o nosso eu inferior, e vivermos uma vida plena e abundante, aqui, neste mundo físico.B. J.

Notas:

1) Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmo, F.R.P., 3ª ed., 1998, pág. 243. 
2) A medida empregada na construção da grande Pirâmide é o côvado sagrado, que equivale a 0,635660 m. A polegada sagrada corresponde a 1/25 do côvado, ou seja, a 25,4264 mm. É de uso comum entre os povos anglo-saxões. 
3) Max Heindel, Cristianismo Rosacruz – Alegorias Astronômicas da Bíblia, The Rosicrucian Fellowship, Oceanside, 1929, pág. 185 e seg.