– A sua busca é o testemunho de uma espiritualidade muito viva.

por: Jean Louis Grison

 image1UM“A Busca do Santo Gral” inserida no grande conjunto de Lancelote em prosa, foi escrito por volta de 1220. O nome do Mestre Gautier Map, arcedíago de Oxford, aparece no final à guisa de assinatura, mas está comprovado não ser ele o autor.

Considera-se frequentemente este romance como a coroação do ciclo literário consagrado à glorificação do Santo Cálice, e na realidade, é uma das obras mais completas e profundas que foram escritas sobre esse tema. Corresponde de certa forma, ao desabrochar da flor que, até esse momento permanecia em botão. Entretanto, não é inexato dizer-se que altera um pouco o sentido da lenda primitiva, da qual elimina uma grande parte dos elementos especificamente célticos, devido ao fato de ser o termo de um desenvolvimento que conduziu o mito céltico a uma perfeita integração à tradição cristã. Se admitirmos que os romances da Távola Redonda tinham, entre outros fins, o de favorecer a “cristianização” de tudo que ainda continuava vivo na tradição dos druídas, podemos avaliar que, depois desta última “Busca”, a obra estava completa.

Não é somente uma obra prima literária, embora a habilidade da composição e a beleza do estilo lhe assegurem, sem contestação, esse título: “A Busca do Santo Graal” é sobretudo o testemunho de uma espiritualidade muito viva, a do começo do século XIII; espiritualidade que iluminou toda essa época. Esta obra é uma das provas de que existia além da cavalaria terrestre, uma cavalaria celeste, ou “celestial” que, por trás das instituições de aparência social, sustentava intenções espirituais profundas. 

 

Saint-Bernard de Clairvaux

Os especialistas concordam em reconhecer que o romance é de inspiração cisterciense*; é certo, todavia, nota-se nele o fervor tão particular e envolvente que São Bernardo soube infundir à sua ordem, fervor que se adapta perfeitamente à atmosfera da lenda do Gral. Notaremos além disso, em diversas sequências, que uma influência templária parece surgir, o que nada tem de espantoso, pois os Templários eram, para os cistercienses, os cavaleiros por excelência.

(*Cistercienece = Pertencente ou relativo ao mosteiro de Cister (França), fundado por Santo Alberico (?-1109) e Santo Estêvão Harding (1050-1134), que segue a regra de S. Bento.)

Com Galaad, o herói da história, ficamos diante de um contemplativo em ação, e não se pode evitar de pensar ainda em São Bernardo e nas relações que deveriam existir entre as diferentes confrarias dos “Guardiões da Terra Santa”. A obra nos permite entrever a trama secreta do mundo medieval e, notadamente, o caráter iniciático dos aspectos mais internos das ordens cavaleirescas e monásticas.

A aventura se relaciona com o período de Pentecostes. Existe, realmente, um vínculo entre a presença do Santo Graal e a descida do espírito. “Na véspera de Pentecostes, por volta da hora nona, os companheiros da Távola Redonda que acabavam de chegar a Camelot puseram-se à mesa, após terem assistido ao ofício, quando uma donzela muito formosa entrou a cavalo na sala“. Assim começa o romance. Ela vem procurar Lancelot a fim de lhe confiar uma missão bastante importante: a de armar cavaleiro seu próprio filho Galaad. Ora, toda a narrativa, mesmo referindo-se à busca dos outros cavaleiros, continua centralizada sobre a de Galaad, que é o cavaleiro perfeito, unindo em si, de acordo com o ideal cisterciense, o total desabrochamento da virtude cavaleiresca e os conhecimentos mais profundos de ordem espiritual. 

 

Galaad

Galaad é realmente o eleito: nele todas as qualidades se manifestam harmoniosamente, e ele é o objeto de um favor tão especial que, desde o começo, sabe-se que não poderá falhar em levar a aventura a seu termo.

Como Arthur, Perceval e tantos outros heróis, Galaad teve uma infância reclusa. Filho de Lancelot e da filha do Rei Pescador, ele é, ao mesmo tempo, herdeiro da tradição celta personificada pela fada Viviane, ama de leite de Lancelot e herdeiro da tradição cristã, ou judeu/cristã, pela linhagem de José de Arimatéia. Foi educado por religiosos até chegar a hora de sua carreira pública.

No dia de Pentecostes, em que o Espírito se manifesta de alguma maneira aos companheiros da Távola Redonda, Galaad, depois de ser armado cavaleiro por seu pai, se apresenta à corte de Arthur, introduzido por um sábio muito idoso. Este, vestido com uma roupa branca, penetra no recinto sem que ninguém saiba por onde entrou. Sua aparição assemelha-se estranhamente à de Cristo no Cenáculo, após sua ressurreição; e principalmente notável que a forma de saudação “A Paz esteja convosco”, seja a mesma nos dois casos. Ela constitui uma benção no sentido mais elevado desse termo, pois é da paz espiritual que se trata aqui. Quanto a Galaad, está coberto por uma armadura vermelha, evocando manifestadamente o fogo do Espírito Santo e, quando desarmado, cobre-se com um manto de seda vermelha forrado de arminho branco. Essas duas cores complementares, a da autoridade espiritual e a do poder temporal, cores dos Templários, se encontrarão muitas vezes no desenrolar da ação.

 

Rei Arthur

“Rei Arthur  – diz o sábio –  eu te trago o Cavaleiro Esperado, aquele que nasceu da alta linhagem do Rei David e de José de Arimatéia, aquele no qual culminarão as maravilhas deste país e das terras estrangeiras. Ei-lo”. Todos os cavaleiros estão reunidos em volta da Távola Redonda, mas um lugar está vazio. O sábio conduz Galaad a essa Cadeira Perigosa que lhe é destinada   “Senhor cavaleiro, sentai-vos aqui, pois é vosso lugar”. E o moço senta-se sem a mínima dúvida. Desde esse instante seu nome brilha em letras de ouro: “Esta é a Cadeira de Galaad”. Ele é visto como o enviado divino, que deve libertar o Graal do encantamento que o envolve.

O próprio Arthur, o Grande Mestre da Ordem da Távola Redonda, fala com um respeito sem fingimento a esse jovem cavaleiro: “Senhor, sede bem vindo; muito desejávamos vê-lo. Estais aqui agora graças a Deus … … tínhamos grande necessidade de vossa vinda, por muitas razões e para elevar ao máximo as maravilhas desta terra”. E Galaad se contenta em responder: “Vim porque devia fazê-lo, pois é daqui que partirão todos os companheiros da Busca do Santo Gral, que vai comecar”

Assim Galaad, bem consciente da missão que o espera, certo de levá-la a termo, dispõe-se à ação e, de imediato se produzem dois sinais manifestos: primeiro, ele tem êxito onde os mais nobres cavaleiros de Arthur fracassaram: tira de um bloco de mármore vermelho flutuando n’água uma espada que ali estava cravada. Ora, sobre os copos dessa arma, pode se ler a inscrição seguinte: “Ninguém jamais me tirará daqui, a não ser aquele em cujo lado devo pender e esse será o melhor cavaleiro do mundo”. O simbolismo desse episódio é claro: a pedra representa a montanha sagrada (ou a ilha sagrada, pois ela repousa sobre a água) e a espada que está cravada em seu centro é uma figura do eixo do mundo; aquele que conseguir desprendê-la é o próprio eixo, seja por ter chegado a ele ou porque algum dia chegará. Também poderá ter acesso aos mistérios do Graal. 

 

Camelot

A segunda aventura é mais maravilhosa ainda: o Santo Gral aparece no castelo Camelot, aos olhos de todos os cavaleiros reunidos a volta da Távola Redonda. Essa manifestação divina, essa epifania, é acompanhada de sinais, raio e luminosidade ofuscante, atestando o fato de que corresponde a uma descida do Espírito Santo, trata se realmente de um novo Pentecostes. “Quando todos se sentaram, ouviram aproximar-se um trovejar tão prodigioso que pensaram que o palácio fosse desabar. Eis que penetrou um raio de sol que fez a sala ficar sete vezes mais clara do que era antes. Para os que lá estavam foi como se tivessem sido iluminados pela graça do Espírito Santo, e começaram a se olhar uns aos outros: todos, grandes e pequenos estavam silenciosos. Depois de ficarem muito tempo sem que nenhum deles pudesse falar, a se entreolharem como animais mudos o Santo Graal apareceu, coberto por uma peça de seda branca; mas ninguém pode ver quem o trazia. Entrou pela grande porta e a sala encheu-se de perfume como se todas as especiarias da terra se tivessem derramado. Movimentou-se em volta do dossel, de um lado para o outro, e, à medida que passava, a mesa guarnecia-se diante de cada conviva, com as iguarias que ele desejasse. Quando todos foram servidos o Santo Gral desapareceu.”

Esta visão é destinada a compelir os cavaleiros a empreender a Busca mas eles não puderam ver o Santo Cálice claramente, trata-se apenas de uma visão “no espelho”, porém foi produzida na presença de Galaad que já possuía um conhecimento virtual dos mistérios do Graal. Houve sim uma “confirmação” dos cavaleiros durante essa aparição; os dons do Espírito Santo estão simbolizados pelas iguarias saborosas dispensadas pelo Cálice Sagrado.

Desde então, todos estão decididos a tentar a Aventura, todos desejam descobrir o Santo Vaso, ou seja, chegar até a Presença Divina da qual ele é a figura. O eremita Nascien, que aparece como o regente oculto dessa tarefa, faz transmitir a seguinte mensagem aos cavaleiros: “Esta Busca nada tem de busca de coisas terrestres, mas deve ser a procura dos grandes segredos de Nosso Senhor, e dos mistérios que o Alto Mestre mostrará abertamente ao bem aventurado cavaleiro que ele elegeu entre os outros cavaleiros, para ser seu servidor”. Depois de pronunciar um voto solene, se encaminham em direção à “Floresta Selvagem”.

 

AS AVENTURAS

Os dois aspectos da cavalaria  –  a “terrena” e a “celestial”  –  não coincidem sempre nas aventuras; ação e contemplação raramente são compatíveis. Assim Gauvain é o cavaleiro “terreno” por excelência; é um ativo, mas, sob o plano da contemplação, é a semente jogada sobre a rocha.  

 

Gauvain

Ele se lança de corpo inteiro na empreitada, em, vão; vagueia muito tempo, em companhia de Hestor e os sonhos que têm os convencem pouco a pouco da inutilidade de suas tentativas. Hestor sonhou que chegou “a uma fonte, a mais bela que jamais viu, mas quando tentou beber, ela recuou e desapareceu”. Ou ainda, chegando “à casa de um homem rico que dá uma festa magnifica, bate à porta gritando:  Abram! Abram!   o dono lhe responde:  Senhor Cavaleiro, procure um outro alojamento, pois ninguém entra aqui montado como você está”. Finalmente, os dois companheiros têm uma visão clara e definitiva quanto à certeza de seus fracassos:  “Enquanto conversavam, viram sair pela porta da capela uma mão, que se mostrava até o cotovelo, coberta de seda vermelha. Trazia no pulso um freio pouco suntuoso e segurava uma grossa vela cuja chama era muito viva. A mão passou na frente deles, entrou no coro e desapareceu. Depois, uma voz lhes disse: “Cavaleiros de pobre fé e má crença, as três coisas que vós acabais de ver vos faltam e é por isso que vós não podeis ter êxito nas aventuras do Santo Graal”. Dessa visão, o eremita Nascien lhes dá uma interpretação precisa: “O que vós jamais encontrareis é o Santo Gral e as coisas secretas de Nosso Senhor, pois vós não sois dignos . . . Vós voltareis a Camaalot sem nada ganhar na Busca . . . Pela mão, deve se compreender a caridade, e pela seda vermelha a graça do Espírito Santo que sempre abraça a caridade. Quem tem a caridade em seu coração é ardente do amor de Nosso Senhor. Pelo freio deve se compreender a abstinência . . . Quanto à vela que a mão segurava, significa a verdade do Evangelho . . . Quando, então, caridade, abstinência e verdade apareceram frente a vós, era Deus que vinha em sua morada”. E é sabido que conhecimento, amor e ascese são elementos essenciais à realização espiritual. Não há porque se surpreender-se, abatido pelo próprio Galaad, Gauvain deva renunciar à busca.

Percival e Bohort são cavaleiros de temperamento bem diferente. Ambos, entretanto, chegarão ao término da Busca, que é o Palácio Espiritual; Bohort, graças à sua vontade, à sua virtude, aos seus esforços constantes; Percival graças aos seus dons naturais. Ora, está claro que este Palácio Espiritual, que domina a cidade de Sarraz, não é mais que uma manifestação do Centro do Mundo, e portanto, é ao mesmo tempo um testemunho do Paraíso terrestre e uma figura da Jerusalém celestial. 

 

Percival

Entre as aventuras que enfrentam esses dois companheiros, notemos alguns traços característicos. Desde o começo, Percival recebe garantias quanto ao seu êxito final. Com efeito, sua tia, aquela que foi antigamente rainha da terra Gaste, prediz o término da Busca por “três” homens: Galaad, Percival e Bohort.

Mas, Percival está longe de atingir a perfeição de Galaad. Ele se dirige, certo, até o mosteiro onde jaz, cego e ferido, Mordrain, esse rei que veio “da cidade de Sarraz perto de Jerusalém” até a Bretanha para defender a comunidade do Graal. Ora, Mordrain não deve morrer antes de ser curado de sua cegueira e de seus ferimentos pelo Bom Cavaleiro, aquele que “verá sem véus as maravilhas do Santo Gral”. Esse título não pertence a Percival e sua visita ao ilustre velho não produz o resultado desejado. Entretanto, notar-se-á, a propósito de Mordrain, que um caráter de longevidade, cujo simbolismo é claro, está ligado a vários membros da confraria do Graal.

A mais estranha aventura que lhe acontece é uma fantasmagoria de origem satânica, que o afasta perigosamente da Busca, mas que, demonstrando-lhe o caráter ilusório deste mundo, contribue para seu sucesso final, obrigando-o a edificar sobre a rocha da Realidade. O inimigo, sob a forma de mulher, presenteia-o com um cavalo diabólico que o leva para longe, numa ilha habitada por animais ferozes. Aqui se produz, em benefício do herói, o combate entre o leão e a serpente; Percival, matando a serpente, triunfa do Inferno; pois “o leão é Jesus Cristo”, como explicar-lhe-á um sábio vindo especialmente “de país estranho”, numa nave coberta de seda branca, para encorajá-lo na luta e instruí-lo. Porém o adversário volta à carga, sob a forma de uma “donzela de grande beleza”, que chega sobre uma nave coberta de pano preto. Percival escapa “in extremis” à última tentação, quando vislumbra a cruz vermelha cinzelada sobre os copos de sua espada. O sortilégio se desvanece; a nave branca reaparece, e ,o sábio que ela traz, prova ser o próprio Cristo, ou algum de seus mensageiros:
“Se eu ousasse, diria que vós sois o Pão da vida que desce dos céus, do qual todos que o comerem dignamente receberão a vida eterna”. Assim que Percival pronunciou essas palavras, o sábio desapareceu misteriosamente, e uma voz disse: “Percival, tu venceste e estás salvo. Entra nessa nave e vai para onde te levar a aventura. Que nada te assuste, pois, em qualquer lugar que vás, Deus te conduzirá.” 

 

Bohort

Quanto a Bohort, esse homem austero e piedoso, não corre o risco de ser enganado, como foi por um momento seu companheiro, pelas tentações e ilusões deste mundo. Ele continuou laboriosamente e seguramente seu empreendimento; o que não quer dizer que o inimigo não lhe tenha armado ciladas. Num dos sonhos de Bohort, a Igreja é representada por um pássaro negro e Satã por um pássaro branco. Essa inversão das cores simbólicas, muito característica, é explicada pelo fato de que a aparência exterior é comumente o inverso da Realidade interior. Uma outra inquietante armadilha é a que o leva a combater seu próprio irmão Lyonel. Finalmente, chega à nave coberta de seda branca, graças à qual atravessará, ao lado de Percival, o Oceano das Tempestades.

Como já dissemos, o sucesso de Galaad é garantido. Todos concordam ver nele o Cavaleiro Perfeito. Na abadia onde ele toma posse de seu escudo, um sábio lhe diz: “Nosso Senhor vos elegeu entre todos os outros cavaleiros para ir a país estrangeiro triunfar nas mais duras aventuras . . . Nós vos esperamos, e agora, Deus seja louvado, nós vos temos!” À sua aproximação, todos que sofrem são libertados; Galaad é assim, a imagem do Cristo, um Cristo Cavaleiro, que pune os ímpios, afugenta os demônios e faz terminar os encantamentos. Igualmente, como Cristo suscitou uma renovação considerável na ordem tradicional, libertando a religião judaica da moldura estreita onde ela estava enclausurada, do mesmo modo Galaad, cujo nome é significativo, tendo consonância céltica e hebraica, vai libertar a influência do Graal para um último esplendor que se refletirá em todo o esoterismo cristão.

As preliminares da Busca consistem, para ele, na aquisição de sua espada ou melhor, de suas duas espadas  e de seu escudo. Ora, espada e escudo possuem certamente aqui um papel simbólico: correspondem á Lança e ao Graal, que têm uma origem antiga e misteriosa. Do sentido da primeira espada, a que foi tirada da pedra, já falamos. A história do escudo não é menos extraordinária. Trata se de um escudo que está escondido atrás do altar mor de uma abadia; é branco com a cruz vermelha e corresponde, portanto, ao emblema dos Templários. O rei Baudemagus tenta apropriar se dele sucedendo-lhe um malefício: um cavaleiro com armadura “branca” ataca-o imediatamente e o fere; em seguida, ordena a um criado do rei: “Leva este escudo ao servidor de Jesus Cristo, o bom cavaleiro Galaad. Dize-lhe que use, pois o terá sempre tão novo e bom quanto agora, por isso deverá amá-lo muito”. Evidentemente, este fato testemunha a transmissão iniciática, regularmente efetuada desde José de Arimatéia até Galaad. 

 

Arimatéia

Entretanto, antes de adquirir sua segunda espada, que será a marca de sua ascensão a uma ordem superior, Galaad deve executar a exploração simbólica sobre um tema que frequentemente encontramos nos romances da Távola Redonda: libertar donzelas retidas em servidão. Certamente tratamos aqui de uma libertação espiritual. Um eremita fornecerá mais tarde a explicação seguinte, que não é ambígua: “Pelo castelo das donzelas, deve se entender o inferno. Elas são as almas puras que estavam injustamente encerradas antes da Paixão de Jesus Cristo . . . O Pai Eterno viu o mau andamento de sua obra, e enviou seu filho à terra para salvar essas almas virtuosas. Igualmente mandou Galaad, seu cavaleiro eleito, salvar as boas donzelas”. Galaad executou uma verdadeira descida aos infernos, e essa descida constituiu uma etapa preliminar em relação à “ascensão” que o levará até o Palácio Espiritual de Serraz.

Muito em breve, uma jovem vem buscá-lo. Não é outra que a irmã de Percival. “Eu vos mostrarei a mais elevada aventura que um cavaleiro anseia conquistar”, declara a Galaad. E, efetivamente, ela será a instigadora de seus passos, transmitindo-lhe pouco a pouco o conhecimento que possui. Pode-se assegurar que ela também está em relação direta com a linhagem espiritual saída da comunidade do Graal. Galaad a obedece sem reservas, e ela o conduz até a nave onde já estão Bohort e Percival, que o acolhem aos gritos: “Senhor, sejais benvindo! Nós vos esperamos tanto e, graças a Deus eis vos aquí! Apressai-vos, é hora de irmos à superior aventura que Deus nos preparou.” 

 

 

Jean Louis Grison

Études Traditionnelles
Tradução: Sara Salles Abreu
Revista THOT – Número 10 – 1977
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