(por Orual Ojellav)

lauro fs“Havia amanhecido e, vagarosamente,
do lago se aproximou.
Encontrou um lugarzinho aconchegante à beira.
E, acomodando-se, lá ficou,
contemplando o seu próprio reflexo,
nas águas límpidas e cristalinas.

O tempo parecia ter parado de repente.
Não se ouvia nenhum pio.
Nenhuma brisa se sentia.
O lago passou a refletir em suas águas,
imagens recentes e remotas do passado.
Foi então que a emoção invadiu o seu ser.

Pouco a pouco, lentamente,
seus olhos se turvaram.
E, fora de controle, uma lágrima caiu.
E outra…
E mais outra…
E muitas mais…
Até que o choro, copioso, despencou.

Desabafo da dor retida no peito.
Mas assim como veio,
pouco a pouco se estancou.
Alguns soluços e pronto…
As águas voltaram a refletir.
Pararam de tremular.

Ficaram para trás os medos, as culpas,
e o vazio da incerteza…
Tudo se lavou. A água levou.
Cada gota de choro caída,
tinha se transformado num cristal.
Era a riqueza das experiências terrenas.
Toda lá! Reluzente no fundo…

Foi então que, com sua rede de fada, começou a pescar.
Recolhendo pedra a pedra, todos os cristais.
Brilhos de seus sentimentos, nobres, altaneiros…
E, naquele recanto peculiar, aprendeu:
que as lágrimas são joias raras.
Representam o viver.
Sabor de um constante querer…”

(Orual Ojellav – Série Poemas – 14/04/2018)
Copyright © 1986-2020 Texto de Lauro Escobosa Vallejo™ All rights reserved.