Brazilian-IndianRevendo o material de Encontros com a Realidade encontramos uma matéria que foi levada ao ar no programa em função de uma entrevista dada – na ocasião – ao noticiário de uma grande emissora de Rádio. Matéria, também, encaminhada ao seu editor.

Sobre um doutorando que acabara de defender tese na UNIFERJ, e seu conteúdo controverso.

O que nos motivou a falar do tema, e com isso fazer pensar na qualidade de ensino e do tipo de pesquisador formado por ele, que qualidade de acadêmicos se aprovam nestas bancas examinadoras.

Esta matéria publicada, depois, com autorização em alguns sites e blogs.

Como o artigo questiona esta tese colocamos aqui já que ainda é relevante a ideia de quanto desconhecemos nossa própria história – de nossa terra e até do mundo – mas também de nossa raiz cultural.

Por isso ela faz um link com a cultura antiga e de outros povos, esta matéria veio a faze parte de uma obra nossa publicada.

Aqui ela é apresentada em uma série de artigo de forma que se possa refletir no assunto antes e em seguida acompanhar o resto.

Optamos por faze duas séries com dois títulos diferentes e complementares, publicados paralelamente.

Boa reflexão.

filipetaA Religiosidade em Terras Brasileiras – 1ª Parte

Existe uma grande mescla no Brasil, seja de raças e credos ou no universo de culturas regionais e seus dialetos, legado de um país continental, que gera certa confusão se olhar o conjunto e tomarmos a forma como a natureza real e original.

Brazilian-Indian-Chief-Raoni-speaks-with-journalists-during-a-press-conference-before-the-opening-of-the-Peoples-Summit-on-June-14-2012.-Christophe-SimonAFPGetty-ImagesRecentemente em entrevista ao noticiário de uma grande emissora de Rádio, um doutorando que acabara de defender tese na UNIFERJ versando sobre cultos “Afro-brasileiros” – e não é o primeiro caso do tema – dizia que: “No Brasil só existe uma “Religião” a Afro-brasileira, todo o resto saindo dela, teve a certeza deste fato na pesquisa de campo visitando vários terreiros e tendas do Rio de Janeiro”.

¨ A única religião antiga e original, do país, é o dito “Candomblé” e todo o resto, como a Umbanda, Lucumí, Santeria etc., são seitas saídas de seus terreiros, copiando seus métodos e deuses”.

Este é um belo exemplo de como no Brasil a sua cultura e origens são tão desconhecidas pelos próprios brasileiros e… até deturpadas.

Em Teologia – a graduação – acadêmica e didaticamente se divide os cultos em duas grandes categorias: a religião e a seita.

Qual a diferença?

Religião é um culto/doutrina com seus próprios fundamentos, divindades e escrituras sagradas.

Seita é todo culto, doutrina que cresce ou surge na “cola” de uma religião, fazendo uso de suas divindades, fundamentos ou escrituras sagradas de forma diferente do original, ou seja, não tem nada de seu.

Por exemplo, da “grande” religião Católica saiu primeiro o “protestantismo” ou igrejas da reforma e na “cola” desta surge o neopentecostalismo.

Hoje conceituados Filósofos, estudiosos e pesquisadores, nos campos da Teologia, Cosmologia e Antropologia tem uma nova definição para estes termos:

“Religião é apenas e tão somente uma seita que deu certo!”, já que de uma maneira geral todas as grandes Religiões mundiais de hoje tem em seu corpo de doutrina, em sua estrutura fundamentos ou atributos que vem de religiões anteriores.

Novamente, a “grande religião” Católica tem em seus fundamentos um “livro”, Escritura Sagrada que de origem não era seu, metade, o “velho testamento” é Judaica, a Torah (Torá); a outra metade as escrituras gregas do “novo testamento”, da antiga e perseguida “seita” Crista. E estrutura em muito tirada da religião romana antiga;

Osiris-tomb-of-NefertariO culto ao divino ressuscitado – do mito de Osíris, egípcio.

Captura de Tela 2015-02-02 às 09.46.41Canonização de Santos mortos – como a Deificação Romana, ex. Julio Cesar, de onde se origina o mês de julho, mês de seu culto.

Mesmos assim, com tudo junto fez um novo corpo de doutrina que cresceu mundialmente, em sua “campanha de divulgação” – as guerras das cruzadas;

O mesmo ocorreu com o Islã em que metade de sua escritura sagrada é praticamente a Torah, Judaica e a outra metade os ensinamentos de seu Profeta, também antes do imenso crescimento, que é hoje, viveu muitos conflitos armados.

Com este ponto esclarecido voltemos a nossa atenção a tese citada no começo deste artigo.

O Culto de Nação – nome oficial no Brasil do chamado Candomblé – é originado da migração forçada do negro de terras africanas, vindo de várias nações com línguas ou dialetos e práticas religiosas diferentes, mas em essência semelhantes.

Após muitas dificuldades conseguiram – com a “benção” de alguns senhores de engenho, com claros interesses nos supostos beneficio que este culto poderia lhes dar – praticar sua fé, e em certos casos praticar sua ciência de sabedoria – Xamânica, os que realmente tinham esta função, não confundir com Sacerdote que poderia ser as duas coisas, mas na maioria das vezes não o era.

Com a dificuldade de varias práticas diferentes e a invocação de divindades cultuadas em línguas diversas, foi feito o primeiro sincretismo em nossas terras, é criando um novo culto com este amalgama que veio a ser chamado de Candomblé com predominância – até no idioma – Nagô por parte dos Bantos e Angola/Congo por parte dos Sudaneses. 

William Ronan 

Vide nossas obras Mitologia de Síntese e Umbanda Kabalística

 – a verdadeira origem e fundamentos de um culto genuinamente brasileiro 

O conteúdo pode ser compartilhado desde que citado os devidos créditos de autoria

filipetaA religiosidade em Terras Brasileiras – 2ª Parte

Este novo culto criado em nossa terra era – de forma simplificada – da seguinte forma:

O negro já chegando aqui Monoteísta, pois que acreditava em uma Divindade Maior Criadora chamada:

Olorum entre os Nagôs. 

Captura de Tela 2015-02-02 às 09.46.52Zamby ou Zambyapongi entre os Angolenses.

E Obatalá, o filho de Olorum – pelos Nagôs.

Reverenciavam, também, outras divindades – auxiliares ao criador – representantes das forças da Natureza.

Faziam uso do mediunismo,“recebendo” só estas divindades, os Orixás – que nunca encarnaram na terra, apesar de sua mitologia – asItans de Ifás – contarem suas vidas fazendo-as “terrenas” como na mitologia grega – que por sinal tem muitas semelhanças em suas lendas – e nunca recebendo a desencarnados, os eguns.

Faziam, também, oferendas a estas divindades com alimentos e sacrifícios animais.

Como confirmam os estudos de inúmeros pesquisadores como o saudoso Captura de Tela 2015-02-02 às 09.47.05Nina Rodrigues, que viveu muito tempo entre eles. 

Este período vai de aproximadamente 1537 até 1888.

Neste intervalo por volta 1547 surgiu outro sincretismo, os negros que aqui chegaram constataram que o seu culto e crenças tinha muitas semelhanças com o dos vermelhos destas terras, o nosso índio, fizeram então este entrelaçamento com o que restara – já em muito modificado – do antigo culto da Yurema, formando o Omolocô ou o chamado Candomblé de Caboclo, onde já havia a manifestação mediúnica de desencarnados, os eguns – o que é totalmente contra os verdadeiros fundamentos do Candomblé – manifestando-se Sacerdotes/Babalawo dos negros desencarnados, chamados Babaegum e índios, muitas vezes Chefes/Morubixabas e Curandeiros/Nhanderus dos vermelhos, apesar da invocação dos Orixás, em culto separado, imperava mais a raiz ameríndia.

Posteriormente a esta forma sincrética chamada Omolocô foi, primeiro, feito o sincretismo com os Santos Católicos – para que houvesse uma maior aceitação pelos senhores de engenho – e em seguida foi acrescentado as prática de feitiçaria, trazidas pelo branco colonizador, da Europa surgindo assim o chamado Catimbó – este termo surgiu porque na fusão afro-ameríndia do Omolocô já se usavam as praticas propiciatórias de defumação do índio chamada de tatatimbo e por perda da pronuncia e pratica original formou se a corruptela cacatimbó seguida de catimbó. 

Da fusão das praticas de feitiçaria europeia e algumas dos índios, deram o nome – os brancos idealizadores – de adjunto da jurema, neste culto manifestavam-se desencanados africanos, ameríndios, europeus na forma dos mestres e mestras pela influência do lado da feitiçaria e posteriormente entidades de desencarnados, já brasileiros, de varias regiões do país.

Mais ao final deste período tivemos um novo sincretismo após a fusão com os Santos Católicos, tempos depois, funde-se também com alguns rudimentos da grande doutrina dos espíritos – o Espiritismo ou o chamado Kardecismo – vindo da cultura do branco europeu.

William Ronan

Vide nossas obras Mitologia de Síntese e Umbanda Kabalística

 – a verdadeira origem e fundamentos de um culto genuinamente brasileiro 

O conteúdo pode ser compartilhado desde que citado os devidos créditos de autoria.

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