Texto de Molinero, do livro: “À Procura do Homem Cósmico”

plan1Teve que colocar-se na sombra, para que o vissem e no contraste aparecer sua luz e a forma, sem forma, de sua figura.

 

Era …….

Eu sabia que era, sem ser nada concreto.

Nem sequer poderia chamá-lo luminosidade, porque não brilhava, simplesmente ressaltava das sombras em uma tonalidade mais clara.

 

Eu sabia que era mais indestrutível que uma rocha, mais sutil que a própria atmosfera e mais perfumado que uma flor. Mas, em um aroma diferente que não cheirava a campo, a igreja, nem a mulher.

 

Cheirava àquele perfume que encontram as crianças nas coisas quando as cheiram, e devia ter o mesmo sabor dessas mesmas coisas que as crianças põem na boca, querendo nelas encontrar um sentido gustativo.

 

Mas, uma certeza havia em sua presença: a presença mesma, que se fazia bem mais clara que a de um pressentimento, bem mais nítida que a de uma saudade.

 

Os dois estávamos quietos, frente a frente, na certeza de que se eu me movesse ele se desvaneceria.

 

Ele estava certo de que se movesse, desapareceria para minha visão de clarividente.

 

De repente, quase sorri, quando percebi que para manifestar-se ele havia tomado, simplesmente o reflexo meu.

 

Era igual ao espelho mítico dos vampiros, onde não há imagem, mas há presença.

 

Quis ver se estava sendo vítima de uma alucinação e levantei um braço, mas, ele não se moveu.

 

Havia tomado meu reflexo, porém, o havia independizado de meus movimentos.

 

De repente, começou a falar, com aquela voz que soa no ouvido interno, mas, que fica em silêncio, por fora.

 

“Sou um arcanjo” – disse-me – “Não pergunte meu nome, porque sou um arcanjo tão jovem, que ainda não consegui formar o arquivo da memória. Ainda tenho tão pouca luz, que se não fosse pela ajuda da sua, não conseguiria ver-me. Sou o guardião de um planeta que está ainda à espera das raças, e no qual, todavia, não existe mais que a promessa de que será povoado”.

 

“Vivo lá e tenho cativa uma estrela”.

 

“Cedeu-ma Brahma, porque a viu fugir do firmamento, em busca de uma paixão impossível”.

 

“Pelas noites, para combater a solidão, deixo-a banhar-se nas escuras águas de um imenso lago”.

 

“Fica tão contente!”

 

“Às vezes sai da água e me beija, mas, daquela forma que somente sabem beijar as estrelas, aos anjos”.

 

“Mas, que faz você aqui?” – perguntei, timidamente, ao arcanjo.

 

“Vim encontrar uma coisa, sem a qual não poderão começar a florescer as raças em meu planeta. Na realidade, eu não sei o que é, somente sei seu nome. Vishnú deu-me em segredo, e disse-me que, para começar a povoar esse meu reino, estou necessitando de algo que, ao que parece, nasce aqui na Terra, e que se chama amor”.

 

“Estranhou-me tanto esse nome. Perguntei se era flor e ele me disse que não. Perguntei se era ar e ele também negou”.

 

“Perguntei se era fogo, e disse que sim, movendo a cabeça: – É fogo que não queima, mas, esquenta. Às vezes dói e às vezes dá prazer”.

 

“Irei buscá-lo – prometi ao Divino Azul”.

 

“E, Shiva sentiu-se tão contente que, juntando suas dezesseis mãos, começou a aplaudir.”

 

 “Diga-me, você, terrestre, onde poderei encontrar o fogo do amor? “

 

Eu não sabia se fazer-lhe procurar uma mãe, se pedir-lhe que procurasse uma criança.

 

Eu não sabia se recomendar-lhe que procurasse o espírito de dois namorados.

 

Tinha medo que não encontrasse o amor puro, que, ao que parece, era um fruto da Terra, mas, que nós, não sabíamos usá-lo.

 

Permaneci um momento silencioso, pensando se haveria amor em um mosteiro, em um convento, ou em uma ermita.

 

Pensei em encaminhá-lo a uma rosa, mas, lembrei-me dos espinhos.

 

Brahma havia-lhe mandado buscar o amor na Terra, e portanto, Deus ainda acreditava nos homens.

 

Senti tanta emoção!

 

De minha boca se desprendeu um suspiro. E, o arcanjo disse-me:

 

“Obrigado!”   –   e partiu.

Molinero 

(Yogakrisnanda)

Extraído do livro: “À Procura do Homem Cósmico” 

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