Tomemos um problema: alguém me insulta, chama-me “idiota”.
Instantaneamente, o velho cérebro reage, dizendo “Idiota é você!”
Se, antes de o cérebro reagir, torno-me perfeitamente consciente do que foi dito — uma coisa desagradável — abro um intervalo, de modo que o cérebro não pode logo precipitar-se para a arena.
Assim, se durante o dia observardes, em vossos atos, o movimento do pensamento, percebereis que está a criar problemas, e que problemas são coisas incompletas e, por conseguinte, têm de ser levados para diante. Mas, se observardes com o cérebro realmente quieto, vereis que a ação é completa, instantânea; não se leva para diante o problema, não se leva para diante o insulto, o elogio: é coisa acabada.
E, depois, durante o sono, o cérebro já não levará consigo as “velhas” atividades do dia, estará em completo repouso. E, estando o cérebro quieto durante o sono, verifica-se um rejuvenescimento de toda a sua estrutura — desponta a inocência.
A mente “inocente” é capaz de ver o verdadeiro — não a complicada mentalidade do filósofo ou do sacerdote.
A mente inocente abrange aquele todo em que está contido o corpo, o coração, o cérebro e a mente propriamente dita.
A mente inocente, jamais atingida pelo pensamento, pode ver o verdadeiro, o real. Isso é meditação.
Para se alcançar aquela maravilhosa beleza da verdade e o seu êxtase, é necessário lançar a base adequada. Essa base é a compreensão do pensamento, que gera medo e nutre o prazer; é a compreensão da ordem e, portanto, virtude.
Fica-se, assim, livre de todo conflito, de toda agressividade, brutalidade e violência.
Lançada essa base da liberdade, desponta uma sensibilidade que é a culminância da inteligência, e a vida do homem se torna, em todos os seus aspectos, inteiramente diferente.
Jiddu Krishnamurti
“A questão do impossível”
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