Leon Denis
(Nancy, França, 1846 – Tours, França, 1927)

 

imageMGLEspírita, conferencista a escritor. 

Um sucessor e propagador da Doutrina codificada por Kardec.

Léon Denis (leia-se Dení) nasceu num lugarejo chamado Foug, situado nos arredores de Toul, na França, no dia primeiro de janeiro de 1846.

Sua casa era humilde, assim como os pais Josephine (que era materialista) e Ana Lúcia Denis (que era espírita).

Aos 18 anos, conheceu, de Allan Kardec. 

Pouco tempo depois, assistiu a uma conferência proferida pelo codificador da Doutrina Espírita em Tours, cidade na qual viveu, dos 16 anos até o fim de sua vida.

Leon Denis e sua Mãe Ana Lúcia

Desde então, entregou-se  ao estudo e à divulgação da Doutrina Espírita.

Começou em 1889 as suas excursões como conferencista. Foi Presidente do primeiro (1900) ao terceiro (1925) congressos espíritas internacionais realizados em Paris.

Com esse espírito ele atravessa, de forma imperturbável, todas as tormentas da sua existência: guerras (inclusive a Primeira Guerra Mundial), cegueira, críticas, perda de entes queridos, etc, sempre firme, escrevendo livros e artigos, fazendo palestras, presidindo Congressos, sempre esclarecendo, consolando, animando.

“Sempre para o mais alto!” – É o lema que seu guia espiritual Jerônimo de Praga lhe dá para pautar a sua vida.  É o exemplo que colhe da vida de sua amada “sorella”, a heroína Joanna d’Arc. É o lema que ele dá a todos. Sua vida foi completamente coerente com a sua obra e lhe valeu o título de “Apóstolo do Espiritismo”.

 Seus trabalhos sobre espiritismo alcançaram muita notoriedade. 

Obras: 
Cristianismo e Espiritismo;
Depois da Morte;
Espíritos e Médiuns;
Joana D’Arc, Médium;
O Além e a Sobrevivência do Ser;
O Espiritismo na Arte;
O Porquê da Vida;
O Problema do Ser, do Destino e da Dor…

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 Resumo biográfico organizado por José Basílio, com base no livro “Páginas de Léon Denis” 
de Sylvio Brito Soares  (Ed. FEB – 2a edição – 1984)
imageTCLLéon Denis (lê-se Dení) nasceu num lugarejo chamado Foug, situado nos arredores de Toul, na França, em 01/01/1846. Sua casa era humilde, assim como os pais Josephine (que era materialista) e Ana Lúcia Denis (que era espírita). 

Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família. 

Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar de brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo, assim com esforço próprio desenvolver sua inteligência. Era um autodidata sério e competente. 

Jamais desperdiçou um minuto sequer de seu tempo, com distrações frívolas, às quais a maior parte dos homens recorre para matar as horas. 

Com 12 anos concluiu o curso primário, e a situação modesta de sua família não lhe permitiu grandes estudos. Desde cedo tinha problemas com sua saúde física – seus olhos principalmente. 

Tinha 16 anos quando salientou-se como um dos melhores oradores e dos mais ardentes propagandistas. 

Com 18 anos tornou-se representante comercial, o que o obrigava a viajar constantemente, e isto até quase envelhecer. 

Denis adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, rias conhecidas, de tirar acordes para seu próprio devaneio. 

Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a bebida ideal. 

Era seu hábito olhar, com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18 anos, o chamado acaso fez com que sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Esse livro era o Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar, entregou-se com avidez à leitura. O próprio Denis falou: Nele encontrei a solução clara, completa, lógica, acerca do problema universal. Minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou minha indiferença e minhas dúvidas . Seu espírito, nessa hora, sentiu-se sacudido em face dos compromissos assumidos no Espaço, para iniciar, em breve, o trabalho de propagação das verdades kardequianas. Como tantos outros – disse ele -, procurava provas, fatos precisos, de modo a apoiar minha fé, mas esses fatos demoraram muito a vir. A princípio insignificantes, contraditórios, mesclados de fraudes e mistificações, que não me satisfizeram, a ponto de, por vezes, pensar em não mais prosseguir em minhas investigações, mas, sustentado, como estava, por uma teoria sólida e de princípios elevados, não desanimei. Parece que o Invisível deseja experimentar-nos, medir nosso grau de perseverança, exigir certa maturidade de espírito antes de entregar-nos a seus segredos . 
Encontrava-se em seus trabalhos de experimentações, quando importante acontecimento se verificou em sua vida. Allan Kardec viera passar alguns dias na pacata cidade de Tours, com seus amigos todos os espíritas turenses foram convidados a recebê-lo e saudá-lo. 
 

Em 1880, pelas cidades e vilas que percorria, por força de seus afazeres, pronunciava conferências e fundava círculos e bibliotecas populares. É incalculável o número de conferências por ele proferidas na França, no propósito de propagar a Liga de Ensino, fundada por Jean Macé. 

O ano de 1882 marca, em realidade, o início de seu apostolado, no qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olham para o Espiritismo com ironia e risadas os crentes das demais correntes religiosas que não hesitam em se aliar com os ateus, para ridicularizá-lo e enfraquecê-lo. Léon Denis, porém, como bom paladino, enfrenta a tenpestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para encorajá-lo e exortá-lo à luta. 

Coragem, amigo, diz-lhe o Espírito de Jeanne, estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra . 

Em 2 de novembro de 1882, dia dos Mortos, que um evento de capital importância se produziu e sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, havia de ser seu guia, seu melhor amigo, seu pai espiritual – Jerónimo de Praga -, e que lhe disse: Vai, meu filho, pela estrada aberta diante de ti caminharei atrás de ti para te sustentar . E como Léon Denis indagasse se seu estado de saúde o permitiria estar à altura da tarefa, recebeu esta outra afirmativa: Coragem, a recompensa ser mais bela . 
 

A partir de 1884, achou conveniente fazer palestras visando à maior difusão das idéias espíritas. Escreveu, em 1885, o trabalho O Porque da Vida em que explica com nitidez e simplicidade o que é o Espiritismo. 

Em 1892, recebeu um convite da Duquesa de Pomar, para falar de Espiritismo em sua residência, numa dessas manhãs célebres, em que se reunia quase toda Paris. Ele ficou indeciso, temeroso. Depois de muito meditar, pesando as responsabilidades, aceitou o convite. 

O êxito de seu livro Depois da Morte situara-o como escritor de primeira ordem. Os grandes jornais e revistas ecléticas o solicitavam as tiragens sucessivas desse livro esgotavam-se rapidamente. 

Eis a notícia publicada por Le Journal , de Paris, acerca da reunião na casa da duquesa: A reunião de ontem, foi uma das mais elegantes, ouvindo-se a conferência de Léon Denis sobre a Doutrina Espírita. De uma eloquência muito literária, o orador soube encantar o numeroso auditório, falando-lhe do destino da alma, que pode, diz ele, reencarnar até sua perfeita depuração. Ele possui a alma de um Bossuet, soube criar um entusiasmo espiritualista . 

A principal obra literária de Denis foi a concernente ao Espiritismo, mas escreveu, outrossim, segundo o testemunho de Henri Sausse, várias outras, como: Tunísia , Progresso , Ilha de Sardenha , etc. 

A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia-a-dia, enfraquecendo-se. A operação a que se submeteu, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora. Suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Tudo aceitava com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, bem podemos avaliar quão grande lhe devia ser o sofrimento. 

Mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia, amava a juventude, a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. 

O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretarias ocasionais a substituíam nesse ofício no entanto a grande dificuldade para Denis consistia em rever e corrigir as novas edições de seus livros e de seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem, à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos sem molestar ou importunar os amigos. 

Depois da morte de sua genitora, uma empregada cuidava de sua pequena habitação. Ele só exigia uma coisa: a do absoluto respeito às suas numerosas notas manuscritas, as quais ele arrumava com meticulosa precaução. E foi justamente por causa dessa sua velha mania que a Duquesa de Pomar o denominara de o homem dos pequenos papéis . 

Em 1911, após despender não pequeno esforço no preparo da nova edição de O Problema do Ser, do Destino e da Dor , caiu gravemente enfermo. O tratamento enérgico de seu médico, para a pneumonia, pô-lo de pé em curto lapso de tempo. 

Grande e profunda dor estava para ele reservada. Veio guerra de 1914 e seu espírito se condoía ao ver partir para o front a maioria de seus amigos. 
 

Léon padecia, então, de uma doença intestinal e estava parcialmente cego. 

Pela incorporação, seus amigos do Espaço e, entre eles, um Espírito eminente, comunicavam-lhe, de tempos em tempos, suas opiniões sobre essa terrível guerra, considerada, em seus dois aspectos, visível e oculto. 

Essas práticas levaram-no a escrever certo número de artigos, por ele publicados na Revue Spirite , na Revue Suisse des Sciences Psychiquesó e no Echo Fid todo o seu grande amor pela terra em que nasceu, dentro da lei de causa e efeito. 

Quando a guerra aproximava-se de seu fim, a Revue Spirite passou a publicar, em todos os seus números, artigos de Léon Denis. 

Após a guerra de 1914, aprendeu braile, o que o permitiu ficar atualizado e fixar sobre o papel, por meio de grille (impressão em braile), os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, já nesta época de sua vida, estava, por assim dizer, quase cego. 

Em 1915 iniciava ele nova série de artigos repassados de poesia profunda e serena, sobre a voz das coisas , preconizando o retorno à natureza . 

Nesta época uma forte vento soprava contra e kardequianismo. O fenomenismo metapsiquista espalhava, aos quatro ventos, a doutrina do filosófico puro. O Sr. P. Heuzé fazia muito barulho através de L´Opinion , com suas entrevistas e comentários tendenciosos. Afirmava, prematuramente, que, à medida que a metapsíquica fosse avançando, o Espiritismo, iria, pari passu, perdendo terreno. Sua profecia, no entanto, ainda não se realizou. 

Após a vigorosa resposta do Sr. Jean Meyer, pela Revue Spirite , Léon Denis, por sua vez, entrou na discussão, na qualidade de presidente de honra da União Espírita Francesa, em carta endereçada ao Matin , na qual estabelecia, com admirável nitidez, a diferença existente entre o Espiritismo e o Metapsiquismo. 

A partir desse momento, Léon Denis teve que exercer grande atividade jornalística para responder às críticas e ataques de altos membros da Igreja Católica, saindo-se, como era de esperar-se, de maneira brilhante. 

Em março de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou: O Gênio Céltico e o Mundo Invisível , e neste mesmo mês a Revue Spirite publicava o seu derradeiro artigo. 
 

Terça-feira, 12 de março de 1927, lá pelas 13 horas, respirava Denis com grande dificuldade a pneumonia o atacava outra vez. A vida parecia abandoná-lo, mas seu estado de lucidez era perfeito. Suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, mas com muita dificuldade, foram dirigidas à empregada Georgette: É preciso terminar, resumir e… concluir . (fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec). Neste exato momento, faltaram-lhe completamente as forças para que pudesse articular outras palavras. As 21:00 horas seu espírito desprendeu-se. Seu semblante parecia ainda em êxtase. 

As cerimônias fúnebres realizaram-se a 16 de abril. A seu pedido, o enterro foi modesto, sem ofício de qualquer igreja confessional. está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours.

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