Como avaliar alguém que pretende guiar nossos passos.
Jonas Bittencourt, leitor de Salvador, Bahia, escreveu-me para falar de um tema importante – a proliferação de seitas religiosas neste final de milênio.
“Como fazer para distinguir uma organização espiritualista séria e honesta de tantas outras, mistificadoras, apenas interessadas em tirar proveito de seus ingênuos seguidores?”, pergunta o bahiano Jonas, com ar de quem já caiu nas garras de algum guru charlatão e não gostou.
Já falei desse tema em artigos nesta revista: “Delírios da Nova”, “Garimpo de Gurus”, “A Árdua Trilha da Espiritualidade..” Agradeço ao amigo Jonas por tocar no assunto, já que nunca é demais falar dessas terríveis arapucas que são as organizações pseudo-espiritualistas e certos gurus que são lobos muitas vezes vestidos com pele de cordeiro,
Também eu, no passado, provei do melado azedo dos falsos gurus e tive boas cólicas. Pelo que pude ver, as seitas mistificadoras e os gurus charlatães possuem duas características fundamentais: grande apetite financeiro e concepção muito larga da sexualidade. 0 dinheiro é o objetivo da maior parte dos gurus, e é para obtê-lo que muitos deles criam poderosas organizações. 0 sexo desenfreado, além de ser produto da demência de muitos gurus, desempenha importante papel nas táticas de dominação e subjugação dos adeptos.
Dinheiro e sexo, portanto, são os mais importantes instrumentos de poder dos falsos gurus. Praticamente todos os demais desmandos (autoritarismo, dogmatismo, posturas messiânicas, lavagem cerebral, manipulação da vida pessoal do adepto, etc.) que esses gurus praticam derivam, em maior ou menor medida, desses dois fatores principais. Portanto, caro Jonas, da próxima vez preste atenção a esses sinais. Nada contra, é claro, o papel do dinheiro e do sexo na vida das pessoas. Bem utilizados, ambos são ótimos.
Mas seita que toma grana dos fiéis além do estritamente necessário para a própria manutenção da instituição e guru que indiscriminadamente vai para a cama com seus discípulos são péssimos sinais. Melhor sair correndo e, se não tiver outra opção, ficar quieto dentro da própria casa vendo bons documentários na TV.
Na vida espiritual, como na vida material, antes só do que mal acompanhado…
