toltcaRecapitular, como tudo mais no universo dos guerreiros Toltecas é fruto da observação de como funciona a Eternidade.

Os Toltecas sempre agem assim, miram a realidade, descobrem como funciona e então geram suas práticas a partir dessas observações.

Os guerreiros toltecas são antes de mais nada pragmáticos e estratégicos, assim todas as atividades que recomendam tem a ver com o uso mais sóbrio da energia e como se libertar das prisões perceptivas que nos foram impostas.

Também são herdeiros diretos dos desafiadores da morte, dessa forma todas as práticas toltecas estão ligadas a continuidade da vida consciente, de como ir além do apelo de morrer e se dissolver no Mar escuro de energia.

Os miradores toltecas descobriram que o ser humano não foi “criado por uma divindade como ápice e elemento dileto” tal qual creem as religiões monoteistas modernas.

Os videntes descobriram que existimos como sondas avançadas da própria ETERNIDADE.

A Eternidade emanou a si mesma em diversas formas para se conhecer, assim, plantas, animais, humanos, seres inorgânicos, são diferentes aspectos da Eternidade tomando ciência de si mesma.

Plantas, animais, humanos e seres inorgânicos recebem da Eternidade CONSCIÊNCIA, para desenvolver, amadurecer pelo processo de estar vivo e ao final da vida, devem devolver a fonte, a CONSCIÊNCIA transmutada pelo processo de estar vivo.

Este é um dado fundamental para entender as práticas Toltecas, inclusive a recapitulação: A Consciência nos foi emprestada , quando nascemos e será tomada de volta pelo mesmo “MAR escuro da Consciência” que nos a doou.

A consciência está amadurecendo com a existência, assim cada ser humano, quando nasce, ganha a consciência junto com a força vital.

Para os Toltecas é a consciência como um todo que está se desenvolvendo pela ETERNIDADE, plantas, animais, humanos e seres inorgânicos são containers onde esta consciência se concentra e se desenvolve de forma mais intensa.

Cada ser ganha a consciência ao nascer e vai amadurece-la pelo processo de estar vivo, durante as experiências de vida vai amadurecendo e elaborando a consciência.

Ao final da Vida, a fonte que nos doou a consciência a toma de volta, absorve as experiências e as fibras que formaram um ser hoje vão formar outros, no processo contínuo de desenvolvimento da consciência.

Detalhes importantes, o corpo de energia pode ser desenvolvido durante a vida, isso permite uma sobre vida a consciência, uma sobre vida que pode durar dias, semanas, meses, anos, milênios até.

As práticas mortuárias de certos povos de embalsamar seus mortos vem desse conhecimento, quanto mais tempo o corpo for mantido mais tempo o Duplo, o corpo de energia se mantém também.

O detalhe é que, ao ir definitivamente para o corpo de energia, o ser continua de certa forma vivo e consciente, mas perde a capacidade de “agir” neste mundo.

Outros escolheram ir saltando de camada por camada da vasta cebola que é a existência, até hoje estão nessa, vivem um tempo numa dimensão depois vão para outra.

O fato é que ao final de anos, décadas, séculos ou milênios a consciência precisa ser devolvida a fonte e o ser se dissolve. Observando isso, que a ETERNIDADE quer a consciência, os videntes desenvolveram uma forma de entregar a consciência para a ETERNIDADE, sem com isso perder a força vital, a energia vital.

Um dos pilares deste caminho é a recapitulação. Recapitular é reviver tudo que experimentamos, isso gera vários resultados.

Primeiro: quando vivemos um evento deixamos uma parte de nossa energia no evento e levamos a energia das pessoas e coisas conosco.

Assim vamos nos enfraquecendo, pois vamos deixando partes de nossa energia por aí e vamos nos impregnando de energias estranhas a nossa realidade, por isso somos tão presos ao senso social, as convenções do mundo, ao modo de ver da realidade usual e não conseguimos praticar o xamanismo, entrar em outros mundos e tal, estamos impregnados de energias estranhas e carentes de nossa própria energia.

É um fato observável, as pessoas são tudo menos elas mesmas. Recapitular resolve isso, trás de volta a energia que é nossa e devolve a energia de outros que ficou impregnada na gente. Com nossa própria energia restaurada e livres de energias intrusas vamos voltando a ser “nós mesmos” e devolvendo “o que fizeram de nós”.

Sem termos nossa própria energia de volta não vamos conseguir realizar os desafios do Caminho do guerreiro, como por exemplo “sonhar”.

Os exercícios preliminares do sonhar exigem uma quantidade de energia que só é possível se a recuperarmos pela recapitulação, além do que sem recapitular nossa percepcão vai estar presa a eventos tantos que não teremos o foco necessário para o estabelecer do sonhar.

Só com a energia recuperada pela recapitulação conseguimos atravessar os “portões do sonhar”.

Quando recapitulamos criamos um fac-símile de nós mesmos, uma cópia de todas nossas vivências e é isto que a FONTE quer, assim quando entregamos essa cópia de tudo a MORTE deixa de nos procurar.

Isto é muito importante, pois precisamos de muito tempo para realizar nossas tarefas que vão permitir chegar ao ponto de atingir a meta máxima dos Toltecas, entrar na TERCEIRA ATENÇÃO com a plena força da VIDA ainda presnte em nós.

Os Toltecas descobriram algo fenomenal, considero uma das maiores e mais complexas descobertas que se pode conceber.

Só encontrei ideia similar no Budhismo e no Taoismo, mas a forma expressa pelos Toltecas é genial, não vamos encontrar nada similar nos ocultismos e esoterismos que vemos por aí.

D. Juan Matus dizia: “Temos que morrer e entregar nossa consciência, mas se pudermos mudar o matiz desse quadro, que mistérios esperam por nós, que mistérios.

É este o caminho tolteca, o caminho dos desafiantes da morte. Ao final da vida, se tivermos energia suficiente, se houvermos recapitulado de forma suficiente, poderemos entregar nossa consciência a Fonte, mas nos mantemos coesos ainda, a Força Vital não é requerida pela fonte, só a consciência.

Esta é uma chave fundamental: a energia vital não é requerida, só a consciência. Se notarmos o cerne de todas as práticas tanto Toltecas, como do Quarto Caminho, como do Budhismo mais esotérico, do Taoismo e de outras escolas, vamos notar que há uma preocupação em gerar ” a consciência de si mesmo”.

Eu vejo isso como um treino, onde treinamos a energia vital para aprender a ser “consciente”, a energia vital vai aprender com a consciência o mistério de “ser consciente”.

Se a energia vital tiver aprendido a ser consciente, a consciência de si que tantas escolas falam, no momento da morte podemos abrir mão da consciência que recebemos e nos apoiando na energia vital, agora consciente, poderemos requerer uma outra “atenção”, nos tornaremos seres inorgânicos e entraremos num estado inconcebível, chamado TERCEIRA ATENÇÃO.

Sobre este estado nada a dizer, só sabermos que ele existe e que devemos INTENTAR com toda força de nosso ser essa possibilidade de realização.

A recapitulação é um dos pilares desse caminho. Não deve nunca ser tomada como uma técnica terapêutica, nem deve ser confundida com nada psicológico, psicanalítico, nada disto, a recapitulação é um ato mágico, uma prática desenvolvida pelos(as) antigos videntes e impregnada do INTENTO deles, assim nenhuma leitura com paradigmas atuais deve confundir tal prática.

A recapitulação é o uso da magia da respiração para varrer os eventos que vivenciamos e tirar deles toda nossa energia que neles ficou e devolver a energia que trouxemos.

As bases mágicas da recapitulação são: Deslocamento do ponto de aglutinação para lembrança – Temos que deslocar o ponto de aglutinação para a mesma posição que ocupava no evento, só assim estaremos mesmo “recapitulando”, não pode ser uma lembrança só intelectual, estas lembranças “mentais” servem de preâmbulo para a recapitulação” mas a recapitulação mesmo precisa de silêncio e recolhimento para que o ponto de aglutinação se desloque até a posição adequada.

Recebemos estímulos diversos do mundo a nossa volta, por isso recapitular em engradados, armários, lugares mais fechados são práticas recomendadas. Lugares de pouca luminosidade e fechados, facilitam a condição necessária para a recapitulação, porque ao recebermos pouco estímulos da realidade circundante favorecemos o deslocamento do ponto de aglutinação.

Não é recomendado recapitular em lugares abertos, salvo ocasiões quando estamos num local de forte vivência passada e sentimos que nosso ponto se desloca de volta ao momento do evento por si mesmo.

Nem todo mundo tem a sorte de ter uma caverna a disposição para a prática, uma caverna é perfeita. Os videntes sabem que existe uma força que nos acerta a todo instante, é chamada de “derrubador” e é a força pela qual a morte vem. Mirando, descobriram que debaixo da terra essa força não nos atinge, a Terra, como é um ser vivo, bloqueia com sua superfície está força.
Assim, dentro de cavernas, temos a ausência dessa força nos atingindo e ainda a força da consciência da Terra nos ajudando. Quem tem medo de lugares fechados deve procurar recapitular os eventos que geraram esses medos e assim se livrar deles. O medo é o primeiro inimigo de quem busca o conhecimento.

Discordo nessa questão de “evocar o nascimento” ou “posição fetal”, CC adverte muito sobre isso, não tornar a recapitulação um exercício de psicanálise, o isolamento e o escuro para a prática são recomendados para facilitar o deslocamento do ponto de aglutinação, nada mais que isso.

A prática da recapitulação está impregnada do INTENTO dos antigos videntes, então é só começar, insistir e insistir e num certo momento este INTENTO te pega e então te conduz, com intuições e ajustes da prática. É com este INTENTO que precisamos nos alinhar, não com explicações intelectuais do tonal atual.

A respiração é simples: inspira para trazer de volta a energia nossa que está na cena ou com as pessoas, do evento recapitulado e expira para devolver a energia do ambiente ou das pessoas que ficaram em nós.

Recomenda-se colocar o queixo num ombro ( geralmente o esquerdo) e então inspira e vai absorvendo de volta nossa energia que ficou, depois expira indo do ombro direito para o esquerdo, devolvendo a energia que ficou em nós e não é nossa.

Deve-se expirar e inspirar várias vezes, “varrendo” toda a cena do evento, quando sentir que terminou recomenda-se levar o queixo ao ombro esquerdo e fazer um movimento sem respiração de mover o queixo do ombro esquerdo ao direito e voltar, essa “não respiração” encerra o recapitular e rompe os elos para que fiquemos com nossa energia e a cena ou evento leve a energia deles.

Há uma “visualização” de apoio, mentalizarmos fibras de energia que existem abaixo do umbigo como “aspiradores ” desta energia. Eu costumo visualizar estas fibras como “magnetos”, as sinto como tentáculos magnéticos . Elas absorvem toda a energia da cena e da pessoa recapitulada e depois por elas, sai toda a energia estranha que ficou impregnada. É muito importante essa visualização das fibras pois um dos objetivos da recapitulação é despertar e liberar essas fibras que temos nesta parte do corpo.

Recapitular dura a vida inteira. Depois de anos recapitulando descobre-se que se está apenas começando, que de inicio estamos só limpando o mais grosso, que leva muito tempo para gente deslocar de fato o ponto de aglutinação.

Mais ainda, a vida da gente tem camadas, é incrível como só estamos atentos a uma camada muito superficial da vida, passamos pela “superfície” da vida, podemos dizer, a medida que recapitulamos vamos descobrindo camadas mais profundas no mesmo evento.

Percebemos energia de eventos, registramos nuances super profundas de pessoas e situações que não “registramos ordinariamente” . Então, recapitulando uma cena que a gente já julgava “resolvida” vamos nos surpreender descobrindo que estávamos vendo energia naquela cena, ou percebendo coisas muito fortes que a memória “comum” não registrou.

Texto escrito para o grupo Ventania
por Julio César Guerrero 
Nuvem que Passa…

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