A Antiga Técnica Moderna.

  A História registra o século XIX como época da chamada Revolução Industrial, período em que teria surgido o que hoje chamamos Tecnologia. Mas há provas de que, já na Antigüidade, a eletricidade era conhecida e usada, até mesmo para burlar a lei.

Texto de: Roberto Pereira

Os tratados de física apontam o italiano Luigi Galvani (1737/1789) como o descobridor de um processo eletrolítico para realizar coberturas metálicas perfeitas. Não obstante, existem provas de que o mesmo processo era utilizado, antes de Cristo, na falsificação de moedas.

Tales de Mileto descobrira, por volta de 580 a.C., a eletricidade estática, produzida pelo atrito de uma barrinha de âmbar em pêlo de carneiro. A essa propriedade chamou ele “electron”. 
 

 

Tales de Mileto

Tal fato era conhecido da ciência, mas mesmo assim os sábios modernos tiveram uma tremenda surpresa quando descobriram a utilidade de um estranho vaso encontrado perto da cidade de Bagdá, nas escavações feitas na colina Khuyut Rabbou’ah,onde, entre 200 a.C. e 200 d.C. floresceu uma importante cidade dos partos.

Aquele povo, descendente dos medos, foi um ferrenho inimigo dos romanos e além da China, foi a única nação organizada que o Império Romano nunca conseguiu dominar. A cultura parta era meio oriental (persa) e meio ocidental (influência grega, depois da dominação da Pérsia por Alexandre e seus sucessores).

O vaso em questão foi encontrado no dia 14 de junho de 1936, por escavadores ingleses, e encontra-se agora no Museu do Iraque, em Bagdá, registrado sob os números 29.209 e 29.211. 
 

 

Compõe-se de um corpo ovóide de barro cozido, com gargalo quebrado, medindo 18 cm de altura por 9 cm de diâmetro. Quando o acharam tinha, na parte interna, fragmentos de um estranho material betuminoso, que se acredita tenha servido para calafetá-lo. No mesmo local foram encontradas umas varas de ferro e um cilindro oco de cobre, aberto numa das extremidades.

O vaso e os objetos metálicos nada tinham de extraordinário na sua aparência. E foram considerados sem importância até que se descobriu sua utilidade: faziam parte de uma bateria elétrica.

O que despertou a curiosidade dos homens de ciência foram outras descobertas semelhantes na Selêucida, a capital persa dos Diádocos, em Ctésifon, e em Tell Umar, localidades que remontam aos primeiros anos da Era Cristã. Em Ctésifon encontrou-se a tigela de barro completa, selada com betume, e contendo varas alternadas de ferro e cobre.

Convencidos de que tais achados podiam ser os restos de antigas baterias elétricas, os cientistas construíram réplicas exatas e testaram-nas em laboratório, obtendo resultados impressionantes. Usando uma solução de cinco por cento de vinagre como eletrólito a célula produziu meio volt durante duas semanas e meia, o bastante para transmitir o prateamento galvânico a uma moeda de cobre.

Com esses fatos em mãos, os pesquisadores voltaram ao local das descobertas à procura das provas de que suspeitavam e tiveram novas surpresas. Aquelas antigas baterias eram empregadas pelos artesões antigos para dar acabamento fino a utensílios metálicos e para a falsificação de moedas. 
 

 

No Afeganistão foram encontrados modelos perfeitos de cobre de moedas de prata datando da época imediatamente posterior a Alexandre Magno.

Tais peças podem ser hoje examinadas no Museu de Cabul e tudo leva a crer que os falsificadores antigos “fabricavam” moedas de prata usando a galvanoplastia e gastando no processo uma fração do custo das moedas verdadeiras.

Outra pilha elétrica antiga, encontrada perto de Bagdá, foi igualmente testada pelos sábios. Ela produz uma corrente de 0,54 watts.

Há outros indícios ainda mais antigos de que a eletricidade e muitos dos fenômenos a ela associados eram do conhecimento humano muitos séculos antes dos seus “descobridores” oficiais. O Velho Testamento faz referências claras a isso. A Arca da Aliança é um bom exemplo, já que dela os antigos textos fazem uma descrição pormenorizada. Sabemos que foi construída de madeira de acácia, recoberta com placas de ouro. Sabemos também que tinha forma retangular, e conhecemos suas medidas. 
 

 

Há, ainda, referências ao fato de que, quando no solo, ela repousava sobre quatro pés de madeira (isolante). Quando tinha de ser transportada; essa tarefa era entregue a quatro homens, que a sustentavam com duas varas de madeira que faziam passar por alças laterais para isso dispostas. Detalhe importante: a parte metálica da Arca jamais tocava no solo.

O Velho Testamento afirma também que “saltavam raios fulminantes da arca sobre quem dela se aproximava com armas”.

Como a Arca foi construída com medidas e características bem determinadas, muitos acreditam que ela funcionava como um poderoso acumulador elétrico, e que o ar seco do deserto norte africano contribuía para que conservasse sua carga estática. As correntes de ouro que os transportadores da Arca levavam presas à cintura, com as pontas arrastando pelo chão, funcionariam assim como pólos de descarga, que os protegiam de serem eletrocutados. Isso, entretanto, ocorria com aqueles que se aproximavam da Arca com armas metálicas, espadas e lanças.

As chapas de ouro, coladas às paredes interna e externa da armação de madeira, funcionavam como armadura metálica do acumulador. E cálculos modernos mostram que tal conjunto poderia provocar descargas muito violentas. Talvez até letais.

Salomão, o maior dos governantes dos hebreus, foi um político hábil e um poderoso general. 
 

 

Rei Salomão

Mas foi, antes de tudo, um comerciante inteligente e hoje não restam dúvidas que muita de sua prosperidade deve-se aos acordos que pactuou com Hirão, rei de Tiro, na Fenícia.

Esses tratados valeram-lhe não apenas ajuda militar sob a forma de soldados e arqueiros, como também navios, para que enviasse expedições às regiões afastadas e ajuda para que erigisse o Grande Templo que decidiu erguer em honra ao Senhor de Israel.

Hirão enviou-lhe madeira de cedro (que abundava nas encostas do Líbano), operários, máquinas e sobre tudo engenheiros hábeis na arte de construir.
 

 

Hirão

Povo comerciante, os fenícios tinham contatos com muitas nações e povos, e sua cultura refletia essa mistura. Eles usavam todos os conhecimentos que lhes fossem úteis. Assim, é impossível dizer se a técnica arquitetônica empregada no Templo de Salomão era genuinamente fenícia. Mas foram eles que a levaram até Israel. E foram eles que, nas partes mais altas do grande edifício, colocaram pontas de metal polido ligadas ao solo por fios de bronze.

Essa técnica nada tinha a ver com o que os mesmos fenícios usaram em seus próprios templos, fortalezas e palácios. Mas Jerusalém estava numa região seca, onde o acúmulo de cargas elétricas estáticas torna-se muito mais intenso e comum que no litoral do Mediterrâneo, onde habitavam os fenícios. Por isso, talvez, os engenheiros de Hirão dotaram o Grande Templo de pára-raios, já que essa é a única explicação plausível para as pontas metálicas descritas nos textos antigos.
 

Extraído da Revista Planeta
Número 118, de Julho de 1982
filipeta
Irma