imageD4OEsta quinzena eu tive uma musa inspiradora. Sentar num bar e trocar idéias, mesmo que numa conversa despretensiosa, gera a coluna do site! Pois entre um chope e outro, chegamos a um papo sobre vampirismo. Ora, qual forma de vampirismo, encantamento ou maleficência mais temida pelas nonas (ou por nós mesmos) que o olho gordo? Ou mal olhado? Ou mal’occhio? Pois é… Bate na madeira e faz figa, porque este é o assunto da coluna. 

Bom, primeiro uma historinha para ilustrar os pensamentos. Quando esta colunista nasceu, parecia com um throll de tão feia (eu tenho testemunhas!!!!). Mas o tempo foi passando e melhorando as coisas (ai eu tenho testemunhas… suspeitas). Tanto que semana sim, semana não estava a família Morselli na casa da dona Francisca. Esta era uma senhorinha baixinha que benzia crianças com quebrante. Meu pai conta que ele teve de aprender o benzimento da mulher para poder dar um pouco de sossego para ela. O que ela fazia – e meu pai faz até hoje – é uma imposição de mãos e uma prece para que o mal passe. 

A tradição de muitas dessas mulheres (e homens), dessas bruxas, diz que a inveja o quebrante vem pelos olhos. Não tem jeito: os olhos são a janela da alma. Clichê? Talvez, mas com um grande fundo de verdade. Os olhos das pessoas são uma expressão do corpo, alias uma que ninguém consegue disfarçar. Eles têm o nosso medo, orgulho, paz, cansaço e também a nossa inveja ou raiva. 

Dentro da tradição streghe existem algumas histórias sobre o poder da magia vaporosa, o jettarore. Este pode trabalhar de um lado de cura, outro de mal ou ainda como encantamento – este último conhecido como fascínio ou glamoury.

O olhar mágicko, ou jettarore, geralmente é muito temido. Acredita-se que o mal pode ser invocado sobre outrem através apenas de uma piscada, no limite de um dedo apontado sob olhos cerrado e, sempre, de uma forte vontade. Alguns ainda dizem que os homens são melhores para isso. O uso benéfico (para cura) é feito vulgarmente sob a lua cheia e pelas bruxas modernas. Isto demonstra a capacidade das streghe (ou das bruxas em geral) de operar a magia de uma forma simples, quase primal. É interessante que para muitos é fácil fazer alguém ficar doente ou curar e custa apenas um olhar – sem ritos extensos, instrumentos, roupas, iniciações do milésimo grau. E da mesma forma, a proteção e/ou o banimento também o são. Benzimentos, aspergir água benta, uma fitinha vermelha em volta do pescoço ou no punho, uma figa, arruda ou um chifre: todos curam ou protegem do mal causado. Normalmente, a prevenção se baseia em distrair o maleficente: com o cheiro forte da arruda ou a cor viva do vermelho, por exemplo. As streghe dizem que os símbolos de fertilidade como o vermelho do sangue ou a figa que é uma representação da união sexual dispersam energias destrutivas. Aposto que muitos já ouviram e viram essas simples receitinhas pela vida afora…

A questão é que geralmente nos acreditamos vítimas deste tipo de prática – que é bem forte. O que não imaginamos ou não prestamos atenção é que nós podemos ser os agentes disso. Desejar o mal, ter inveja, sentir raiva são coisas comuns na vida de cada um. E muitas vezes, a intensidade das nossas emoções faz com que ‘a praga pegue’. Claro que pode ser sem querer… claro que pode ser por querer! Portanto, cuidado com o que pensas e como olhas para as pessoas. E em todo caso, ande com um galhinho de arruda. Evita mais vampiros do que alho!

Benedizioni di Diana e Apollo

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Pietra di Chiaro Luna
Este texto é a introdução ao livro 
Stregheria – Vecchia Religione da Itália
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