– Tudo se manifesta no universo como polaridades.

man-woman[1]
O homem é a mais elevada das criaturas, 
a mulher é o mais sublime dos ideais.  Deus fez para o homem um trono, 
para a mulher um altar: 
o trono exalta e o altar santifica.  

O homem é o cérebro, 
a mulher é o coração: 
o cérebro produz a luz, 
o coração produz o amor. 
A luz fecunda, o amor ressuscita.  

O homem é o gênio, 
a mulher é o anjo: 
o gênio é imaculável, o anjo é indefinível.  

A aspiração do homem é a suprema glória, 
a aspiração da mulher é a virtude extrema: 
a glória promove a grandeza, a virtude a divindade.  

O homem tem a supremacia, 
a mulher a preferência: 
a supremacia significa a força, 
a preferência representa o direito.  

O homem é forte pela razão, 
a mulher é invencível pelas lágrimas: 
a razão convence, as lágrimas comovem.  

O homem é capaz de todos heroísmos, 
a mulher de todos os martírios;
o heroísmo nobilita, o martírio purifica.  

O homem é um código, a mulher um evangelho: o código corrige, o evangelho aperfeiçoa.  

O homem é um templo, 
a mulher é um sacrário: 
ante o templo nos descobrimos, 
ante o sacrário nos ajoelhamos.  

O homem pensa, a mulher sonha: pensar é ter uma láurea no cérebro, sonhar é ter na fronte uma auréola.  

O homem é o oceano, 
a mulher é o lago: 
o oceano tem a pérola que adorna, 
o lago a poesia que deslumbra.  

O homem é a águia que voa, a mulher é o rouxinol que canta: voar é dominar o espaço, cantar é conquistar a alma. 

O homem tem um farol: a consciência, 
a mulher uma estrela: a esperança. 
O farol guia, a esperança salva.  

Enfim, o homem está colocado onde termina a terra, 
a mulher onde começa o céu… 

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Victor Hugo

 

 

A DUALIDADE 
           Tudo se manifesta no universo como dualidade, como polaridades. Essas polaridades, muito bem compreendidas sob os nomes de Yin e Yang, não deveriam ser tomadas como opostas, mas principalmente como complementares. 

Claro que entre os pares mais expressivos da manifestação estão o homem e a mulher, o sol e a lua, o dia e a noite, a luz e a sombra, e assim por diante. 

Assim, o texto de Victor Hugo pode ser lido de 2 maneiras: o modo linear-discursivo, que chamo de modo “horizontal”, que se refere a realidade mais explícita e óbvia para o senso comum, realidade essa que os místicos qualificam como “ilusão”. 

O outro modo é o comparativo-analógico, que eu chamo “vertical”. 

Por analogia, vamos atingir planos e significações superiores, abstratas. Então, quando falamos do aspecto complementar da polaridade homem/mulher, não queremos nos referir a “realidade” estereotipada, mas antes à dualidade expressa no próprio ser individual, aspectos masculino e feminino dentro da mesma pessoa. 

Bem no sentido das teorias de C. G. Jung, que nomeia essas forças interiores como “animus” e “anima”. Portanto, essa nossa colocação nada tem a ver com machismo ou feminismo. 

Ao contrário, se fôssemos personalidades integradas, seriam completamente desnecessários esses tipos de conflito. 

Outro modo de expressar essa dualidade seria enfocar a questão dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro. A pessoa que rejeita sua dualidade ao invés de integrá-la jamais poderá encontrar a serenidade (ou mesmo a felicidade) neste plano de manifestação.  

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Giancarlo Salvagni 
reikibahia@superig.com.br

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